Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O acesso à água está cada vez mais crítico. A ONU tenta realizar o transporte por meio de caminhões para a área de assentamento oriental, uma região árida. Apesar de uma tubulação de água percorrer o lado oeste do acampamento em al-Mawasi, no sul de Gaza, o acesso limitado ao leste — onde novas famílias estão chegando — forçou mulheres a caminhar por horas para encher uma única lata de água, que precisa durar a semana inteira, explicou à emissora catari Al Jazeera, nesta sexta-feira (12/09), o porta-voz da UNICEF, Tess Ingram.

O rompimento de uma grande tubulação de água na cidade de Rehovot, nos territórios palestinos ocupados, também deixou toda a população sem acesso à água, de acordo com a agência iraniana Tasnim.

Devido aos bloqueios de água e ajuda humanitária, a taxa de desnutrição infantil na Faixa de Gaza continua a aumentar de forma alarmante. Dados recentes mostram níveis de desnutrição aguda grave entre crianças examinadas em agosto.

A UNICEF informou nesta quinta-feira (11/09) que a taxa geral em Gaza subiu para 13,5% no mês passado, ante 8,3% em julho. Na Cidade de Gaza — onde a fome foi confirmada —, 19% das crianças tratadas sofriam de desnutrição grave, em comparação com 16% no mês anterior.

A diretora executiva do UNICEF, Catherine Russell, observou que, embora a organização tenha conseguido levar mais suprimentos para o território, a contínua escalada militar israelense forçou o fechamento de cerca de 10 centros de nutrição, deixando as crianças cada vez mais vulneráveis.

Russell enfatizou a necessidade urgente de proteger os serviços de nutrição na Cidade de Gaza e em toda a Faixa de Gaza, acrescentando: “Nenhuma criança deve sofrer de desnutrição que podemos prevenir e tratar quando temos acesso seguro para entregar ajuda”.

Cerca de 900 mil crianças no território palestino sofrem de fome, das quais 70 mil encontram-se em estado de desnutrição

Cerca de 900 mil crianças no território palestino sofrem de fome, das quais 70 mil encontram-se em estado de desnutrição
WAFA

Ocupação e ataques

Na Faixa de Gaza, fontes médicas informam que a ofensiva israelense matou pelo menos 50 pessoas nesta sexta-feira (12/09), sendo 14 da mesma família e 37 civis na Cidade de Gaza e no norte do território sitiado.

Cinco jovens palestinos ficaram feridos nesta manhã por tiros militares israelenses na vila de Deir Jarir, a leste de Ramallah, na Cisjordânia ocupada. Fathi Hamdan, chefe do Conselho da Vila de Deir Jarir, disse à WAFA que as forças de ocupação israelenses (IOF) abriram fogo contra um grupo de jovens na estrada que liga a vila à cidade vizinha de Silwad.

Dois dos feridos foram descritos em estado moderado, enquanto outros três sofreram lesões leves. Um dos feridos foi brevemente detido pelas forças israelenses antes de ser entregue às equipes médicas.

Hamdan acrescentou que as tropas israelenses também fecharam a entrada principal da vila por várias horas.

As forças de ocupação israelenses (IOF) detiveram um palestino idoso e seu filho na cidade de Al-Dhahiriya, ao sul de Hebrom, na Cisjordânia.

Fontes locais disseram à WAFA que colonos israelenses cortaram o arame farpado que cercava os currais de ovelhas dos moradores do bairro de Al-Tayaran. A IOF também invadiu o mercado de gado em Wadi Al-Samen, ao sul de Hebrom, verificou a identidade de comerciantes, fazendeiros e visitantes, e apreendeu uma ovelha.

Um homem realizou um ataque a facadas em um hotel no kibutz israelense de Tzova, nos arredores de Jerusalém Ocidental, ferindo hóspedes. Em um comunicado, a polícia disse que o suspeito é do campo de refugiados de Shu’fat, em Jerusalém Oriental, e foi detido por um policial hospedado no hotel. O Times of Israel relata que duas pessoas ficaram feridas no ataque, incluindo um homem de 50 anos que está em “estado grave”, mas consciente.

Paralelamente, as forças israelenses intensificam a ofensiva fechando estradas na Faixa de Gaza e na Cisjordânia ocupada. Fontes locais disseram à WAFA que uma escavadeira realizou terraplenagem em terras pertencentes à vila de Al-Lubban al-Sharqiya, ao sul de Nablus, bloqueando rotas alternativas que os moradores haviam aberto nos últimos meses para contornar a entrada principal, fechada pelas forças israelenses há vários meses.

Esses fechamentos fazem parte de uma política mais ampla de bloqueios de estradas e restrições de movimento na Cisjordânia ocupada, que grupos de direitos humanos há muito descrevem como punição coletiva contra civis.

A guerra de Israel em Gaza matou pelo menos 64.656 pessoas e feriu 163.503 desde outubro de 2023, informa o Ministério da Saúde do enclave.