Carta assinada por 61 deputados pede cessar-fogo em Gaza e convocação do embaixador do Brasil em Israel
Documento foi apresentado em ato na Câmara em repúdio ao ‘genocídio contra os palestinos’, no qual participantes pediram ao governo Lula uma postura mais dura com Tel Aviv
Uma carta assinada por 61 parlamentares brasileiros, apresentada durante ato na Câmara dos Deputados contra genocídio do povo palestino e pelo cessar-fogo, realizado nesta quarta-feira (08/11), pediu que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convoque o embaixador do Brasil em Israel, Frederico Meyer, a exemplo do que fizeram recentemente os governos do Chile e da Colômbia.
“Solicitamos ao governo brasileiro que chame o embaixador do Brasil em Israel para consultas e que não se promulgue os acordos de cooperação militar e de segurança assinados por Bolsonaro com Israel”, diz o documento.
A carta lembra ainda que a ampla maioria dos países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou uma resolução pedindo por um cessar-fogo urgente, “mas Israel declarou que não tem intenção de parar e intensificou os ataques contra o povo palestino” (leia o documento na íntegra ao final desta matéria).
Uma das resoluções pelo cessar-fogo apresentada no Conselho de Segurança da ONU, a que chegou mais perto de ser aprovada, foi a do governo brasileiro, mas que acabou sendo rechaçada com um único voto contrário, dos Estados Unidos, país que tem poder de veto no organismo.
No ato da Câmara, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) destacou que é preciso endurecer em relação a Israel e que acredita que o governo brasileiro assim o fará depois que brasileiros em Gaza forem evacuados.
A Embaixada do Brasil na Palestina informou nesta quarta-feira (08/11) que os mais de 30 brasileiros e parentes que permanecem no sul da Faixa de Gaza ficaram de fora da sexta lista de pessoas autorizadas a deixar o território. “É impossível manter relações políticas como se nada estivesse acontecendo”, acrescentou a parlamentar.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, informou que o governo de Israel tinha prometido liberar o grupo, que permanece nas cidades de Rafah e Khan Yunis, perto da fronteira com Egito, até esta quarta.
Para o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ), o ato “tem como objetivo a busca da paz, e a busca da paz se faz com o fim da colonização e do apartheid”.
Além de Glauber e Jandira, outros deputados federais que convocaram o evento na Câmara foram Erika Kokay (PT-DF), Fernanda Melchionna (PSOL-RS), Luizianne Lins (PT-CE) e Padre João (PT-MG). A cerimônia também contou com a presença de embaixadores de Síria, Argélia, Líbano, Líbia, Irã, Qatar, Turquia, Egito, Cuba, Venezuela e Tunísia.
Ibrahim Alzaben, embaixador da Palestina no Brasil, fez a primeira fala no plenário e declarou que “a independência e a libertação do povo palestino está mais próxima do que nunca”.
Inicialmente marcado para as 14h, o ato só pode começar por volta das 15h, devido a um provocação do deputado bolsonarista Abilio Brunini (PL-MT), que tentou ofender os participantes do evento.
“Quero mostrar que essa é provocação e agressão repetida diariamente na Palestina, com uma pequena diferença: normalmente termina com sangue, morte e detenções”, disse Alzaben.
Ele acrescentou que “mesmo com toda a dor, nossa mão sempre vai estar estendida pela paz”, e concluiu dizendo que “aqueles que esperam que o povo palestino desapareça podem esperar sentados”.
Qais Shqair, embaixador da Liga Árabe no Brasil, disse que “a causa palestina é a primeira causa de todo o mundo árabe” e que a solução para a Palestina é também uma questão de todos os países da liga.
O presidente da Federação Árabe Palestina (FEPAL), Ualid Rabah, ressaltou a importância da solidariedade com o povo palestino e lembrou que esse sentimento “foi o que acabou com o apartheid na África do Sul e com todos os governos despóticos do mundo”.
Na mesma linha, o jornalista Breno Altman lembrou que é um momento crucial para a história. “É preciso que o nosso governo lidere a América do Sul na pressão sobre o governo colonial de Israel para que pare o massacre na Faixa de Gaza”, disse, o fundador de Opera Mundi.

Camila Araujo
Carta apresentada por parlamentares lembra que ampla maioria dos países-membros da ONU aprovou uma resolução pedindo cessar-fogo urgente
Leia a carta na íntegra:
Hoje, 8 de novembro, se completa um mês desde o início dos bombardeios de Israel à Faixa de Gaza. Como disse o presidente Lula, nada pode justificar este genocídio: mais de 10 mil pessoas já foram mortas em Gaza, cerca de metade delas crianças. Além disso, centenas de milhares de casas foram destruídas e toda a população sofre com as restrições ilegais e desumanas de acesso a água, comida, energia e internet. Na ONU, a ampla maioria dos países aprovou uma resolução chamando por um cessar-fogo urgente, mas Israel declarou que não tem intenção de parar e intensificou os ataques contra o povo palestino. Nesse contexto, a ação da comunidade internacional é de suma importância, de modo que:
1. Ecoamos o chamado por um cessar-fogo urgente e pela garantia de corredores humanitários que possibilitem a entrada de ajuda à população de Gaza e a saída dos brasileiros que ali se encontram;
2. Urgimos ao governo brasileiro que atue energicamente pelo fim do genocídio, da ocupação e do apartheid, em defesa do respeito ao direito internacional e às resoluções da ONU;
3. Solicitamos ao governo brasileiro que chame o embaixador do Brasil em Israel para consultas e que não se promulguem os acordos de cooperação militar e de segurança assinados por Bolsonaro com Israel.
Deputadas/os que assinam:
1. Erika Kokay (PT/DF)
2. Fernanda Melchionna (PSOL/RS)
3. Glauber Braga (PSOL/RJ)
4. Jandira Feghali (PCdoB/RJ)
5. Luizianne Lins (PT/CE)
6. Padre João (PT/MG)
7. Adriana Accorsi (PT/GO)
8. Airton Faleiro (PT/PA)
9. Alencar Santana (PT/SP)
10. Alexandre Lindenmeyer (PT/RS)
11. Alfredinho (PT/SP)
12. Alice Portugal (PCdoB/BA)
13. Ana Paula (PT/PR)
14. Ana Pimentel (PT/MG)
15. Bohn Gass (PT/RS)
16. Carol Dartora (PT/PR)
17. Chico Alencar (PSOL/RJ)
18. Daiana Santos (PCdoB/RS)
19. Dandara (PT/MG)
20. Daniel Almeida (PCdoB/BA)
21. Dr Francisco (PT/PI)
22. Erika Hilton (PSOL/SP)
23. Fernando Mineiro (PT/RN)
24. Guilherme Boulos (PSOL/SP)
25. Helder Salomão (PT/ES)
26. Ivan Valente (PSOL/SP)
27. Jack Rocha (PT/ES)
28. João Daniel (PT/SE)
29. Jorge Solla (PT/BA)
30. José Airton (PT/CE)
31. José Guimarães (PT/CE)
32. Joseildo Ramos (PT/BA)
33. Juliana Cardoso (PT/SP)
34. Kiko Celeguim (PT/SP)
35. Leonardo Monteiro (PT/MG)
36. Lindberg Farias (PT/RJ)
37. Luiza Erundina (PSOL/SP)
38. Márcio Jerry (PCdoB/MA)
39. Marcon (PT/RS)
40. Maria do Rosário (PT/RS)
41. Merlong Solano (PT/PI)
42. Natália Bonavides (PT/RN)
43. Nilto Tatto (PT/SP)
44. Pastor Henrique Vieira (PSOL/RJ)
45. Patrus Ananias (PT/MG)
46. Paulão (PT/AL)
47. Pedro Uczai (PT/SC)
48. Professor Luciene (PSOL/SP)
49. Reginete Bispo (PT/RS)
50. Reimont (PT/RJ)
51. Renildo Calheiros (PCdoB/PE)
52. Rogério Correia (PT/MG)
53. Rubens Otoni (PT/GO)
54. Sâmia Bomfim (PSOL/SP)
55. Tadeu Veneri (PT/PR)
56. Talíria Petrone (PSOL/RJ)
57. Tarcísio Motta (PSOL/RJ)
58. Túlio Gadelha (Rede/PE)
59. Valmir Assunção (PT/BA)
60. Vicentinho (PT/SP)
61. Washignton Quaquá (PT/RJ)























