Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Representantes da Embaixada do Brasil em Tel Aviv realizaram uma visita consular nesta segunda-feira (06/10) a prisão de Ktzi’ot, na região de Naqab (Neguev), onde se encontraram com os cidadãos brasileiros que participaram da Flotilha da Liberdade e que foram sequestrados por Israel em águas internacionais.

Segundo um comunicado da Global Sumud Flotilla (GSF, na sigla em inglês), entidade que administra a iniciativa humanitária, os brasileiros presos relataram aos funcionários diplomáticos episódios de violência psicológica por parte de Israel. Os representantes do Itamaraty também foram informados que os ativistas chegaram a receber medicamentos e alimentação, contudo, de maneira “insatisfatória”. 

Já aqueles que iniciaram a greve de fome seguem mantendo a sua decisão, diz a nota. 

“A Embaixada afirma ter inquirido as autoridades israelenses sobre os relatos, e que protestou contra os maus-tratos aos ativistas e instou as autoridades locais a cumprir suas obrigações à luz do direito internacional”, destacou.

De acordo com a GSF, ainda não há detalhes sobre o processo de deportação dos integrantes brasileiros da flotilha, mas que os funcionários diplomáticos informaram ter exigido às autoridades israelenses “a urgência de que todos os brasileiros sejam imediatamente libertados e possam deixar o país o mais breve possível”.

Brasileiros da Flotilha presos em Israel denunciam violência e tratamento desigual a integrantes do Sul Global
X/Global Sumud Flotilla

Até o momento, mais 170 participantes foram anunciados deportados por Israel, sendo todos de nacionalidade europeia. O único residente do Brasil que saiu foi Nicolas Calabrese, cidadão argentino-italiano com passaporte europeu, deportado via delegação italiana.

“A Delegação brasileira observa a existência de um tratamento desigual aos integrantes do sul-global pelo governo de Israel. Nenhum dos integrantes com passaportes latino-americanos ainda foram anunciados deportados pelas autoridades israelenses. Israel utiliza os termos de deportação, por acusar os participantes de terem entrado ilegalmente em Israel, e por isto estão sendo julgados culpados”, diz a nota. “A Global Sumud Flotilla não aceita estas falsas acusações. Nossos participantes foram sequestrados em águas internacionais e levados contra a sua vontade para Israel. Eles foram feitos reféns das forças de ocupação israelense e devem ser libertados”.

Acrescenta a GSF que o processo de deportação operado por Israel vem sendo feito de forma “temerosa”, sem informação alguma a participantes sobre o paradeiro deles.

Ainda segundo o comunicado, o centro jurídico Adalah, através da advogada Lubna Tuma informou sobre os maus-tratos contra integrantes da Flotilha que verificou nos últimos dias. A profissional denunciou que Israel chegou a manter 15 ativistas presos em uma sala de apenas três metros, além do tratamento diferenciado de acordo com o gênero, “sendo o comportamento para com as mulheres muito mais duro e severo do que para com os homens”.

“Foi também percebido um tratamento diferente em relação aos cidadãos árabes, em alguns depoimentos outras pessoas relataram que as mulheres muçulmanas foram impedidas de rezar e usar o hijab dentro da prisão”, informou a nota, acrescentando que, para a advogada, “o objetivo das autoridades israelenses é desestimular a solidariedade ao povo palestino, e impedir que alguém ouse pensar em realizar novamente uma missão humanitária, como a Flotilla, que tenta romper o cerco cruel ao qual submetem os palestinos de Gaza levando ajuda humanitária”.