Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O jornal israelense Haaretz revelou, nesta terça-feira (02/09), que o brasileiro Ariel Lubliner, Major-General das Forças de Defesa Israelenses (IDF, na sigla em inglês), foi morto por outro soldado de sua própria brigada “que estava de guarda”, contrariando a narrativa oficial de que “uma bala perdida” tenha o atingido.

Com base em testemunhos de combatentes e comandantes da IDF, o periódico detalhou que o Lubliner fazia parte da Brigada Golani, responsável pelo eixo que tenta isolar Khan Yunis de Fah, na Faixa de Gaza.

O brasileiro de 34 anos, que era da cidade israelense de Kiryat Bialik, foi até o posto avançado do eixo Morag com um comboio logístico sob o comando da Brigada Golani. No que deveria ser o retorno dos oficiais ao território israelense, no último sábado (30/08), Lubliner foi atingido “por uma bala disparada de um dos postos de guarda do posto avançado”.

O Haaretz informou que “o cenário é mais complexo” do que as IDF reconheceram e que o soldado israelense que teria matado o Major-General “abriu o coldre, apontou sua arma e atirou” contra o comboio, atingindo Lubliner. Contudo, o motivo da ação, aparentemente não acidental, é desconhecido.

Segundo as fontes do Haaretz, o responsável não foi dispensado pelo Exército de Israel, de modo que continua servindo em seu posto, nem “devidamente investigado”. As IDF também não apuraram “as circunstâncias do tiroteio” ou “o estado de saúde do soldado” que cometeu o assassinato.

A Brigada Golani ocupa um posto onde “há uma falta de disciplina operacional que custa vidas humanas. Soldados são mortos devido à negligência dos comandantes e ninguém faz nada”, denunciaram as fontes do jornal israelense, acrescentando que suas alegações sobre a situação foram ignoradas pelas autoridades das IDF.

Fontes relataram ao Haaretz que negligência entre o Exército israelense na Brigada Golani é comum
idfonline/X

“Precisamos estar cientes deste incidente [envolvendo Lubliner], e do que está acontecendo lá”, disse uma testemunha ao Haaretz a respeito dos casos frequentes de morte no posto avançado.

“Este é apenas um e o mais recente de uma série de incidentes, alguns fatais, envolvendo comandantes da Brigada Golani. A conduta negligente dos comandantes causou a morte de combatentes na área do eixo Morag, no sul da Faixa de Gaza”, relatou o Haaretz.

Como no caso de Lubliner, os combatentes informaram que as IDF não conduzem “investigações aprofundadas e confiáveis” sobre os soldados feridos ou mortos.

Negligência comum entre as IDF

O Haaretz também citou outros casos similares ao de Lubliner. Em julho, o sargento israelense Amit Cohen foi ordenado pelo Exército para que acoplasse uma bomba a um drone civil que não deveria, a priori, ser usado em combate. Entretanto, os soldados lançaram o dispositivo ao ar e a bomba caiu sobre eles. Cohen foi morto na explosão e outro oficial que estava ao seu lado ficou gravemente ferido.

Após o incidente, as IDF informaram que “Cohen brincou com o drone de forma irresponsável”, alegação que foi desmentida pelos soldados, que acusaram, por sua vez, os comandantes de terem dado ordens de risco.

O jornal ouviu outros soldados que revelaram “vários outros incidentes” no posto. Segundo os relatos obtidos, “apenas por sorte não resultaram em mais mortes”. O Haaretz citou que na última segunda-feira (01/09), um dos comandantes jogou fora um cigarro aceso perto dos equipamentos de guerra, causando incêndio no prédio onde os militares estavam alojados.

Outro caso foi registrado há três semanas, de acordo com o veículo, quando um morteiro atingiu a parede externa do mesmo prédio do posto avançado. Descobriu-se posteriormente, por meio de uma investigação, que o disparo partiu da equipe da Brigada Golani.