Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O Brasil expressou “satisfação” com o anúncio do reconhecimento do Estado da Palestina pela Austrália, Canadá, Reino Unido e Portugal, anunciado no último domingo.

Por meio de uma nota do Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro afirmou que a decisão “evidencia o crescente consenso internacional sobre a necessidade de assegurar ao povo palestino o direito à autodeterminação”.

O Itamaraty ainda lembrou que o reconhecimento do Estado palestino deve ser feito por outros países durante 80ª Semana de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU, que será iniciada na próxima terça-feira (23/09).

O Brasil reconhece o Estado da Palestina desde 2010 e defendeu que “o único caminho para a paz e a estabilidade no Oriente Médio passa pela implementação da solução de dois Estados”.

Em detalhe a nota exigiu ainda um “Estado da Palestina independente e viável, coexistindo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967, incluindo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, com Jerusalém Oriental como capital”.

Ao anunciar o reconhecimento, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, declarou que “a crise humanitária provocada em Gaza atinge novos níveis. O bombardeamento implacável e crescente do governo israelense. A ofensiva das últimas semanas, a fome e a devastação são absolutamente intoleráveis”.

“Apelamos novamente ao governo israelense para que suspenda as restrições inaceitáveis à fronteira, pare com essas táticas cruéis e permita a entrada da ajuda humanitária”, instou, exigindo também um cessar-fogo.

O mandatário britânico não deixou o Hamas de fora de seu discurso. Ao classificar os ataques de 7 de outubro de 2023, que deram início à mais recente ofensiva israelense em Gaza, como “bárbaros” e o grupo como “organização terrorista brutal”, Starmer exigiu a “libertação imediata” dos reféns capturados pela resistência palestina.

 Brasil reconhece Estado da Palestina desde 2010
JBouchez/Wikicommons

O premiê também defendeu que o reconhecimento do Estado palestino “não é uma recompensa para o Hamas”, estabelecendo que o grupo “não pode ter futuro, nem papel no governo ou na segurança” de Gaza.

Starmer observou que o reconhecimento do Estado palestino para a existência de uma solução de dois Estados na região “é um plano prático para unir as pessoas em torno de uma visão comum e de uma série de medidas”, que incluem uma reforma na Autoridade Nacional Palestina (ANP), movimento reconhecido pela ONU que deveria administrar a Faixa de Gaza.

“Outras medidas, incluindo o estabelecimento de relações diplomáticas e a abertura de embaixadas, serão consideradas à medida que a Autoridade Palestina avançar em seus compromissos de reforma”, detalhou.

Em seu discurso, Starmer ainda abordou a questão da reconstrução de Gaza, dizendo que um “trabalho crucial” envolvendo toda a comunidade internacional já está em andamento.

“A liderança dos países da Liga Árabe e dos Estados Unidos é vital para essa tarefa. A Austrália continuará a trabalhar com nossos parceiros internacionais para ajudar a dar continuidade ao ato de reconhecimento de hoje e aproximar o Oriente Médio da paz e segurança duradouras que são a esperança e o direito de toda a humanidade”, concluiu.

Além dos países deste domingo, nove países já haviam feito movimento semelhante desde a intensificação do genícido em Gaza: Espanha, Irlanda, Noruega, Eslovênia, Bahamas, Jamaica, Barbados, Armênia e Trinidad e Tobago.

Outros países como Malta, Bélgica e Luxemburgo também devem formalizar o reconhecimento da Palestina durante a Assembleia da ONU.

Após o anúncio, Israel repudiou a medida por meio de seu Ministério das Relações Exteriores. “O reconhecimento nada mais é do que uma recompensa para o Hamas jihadista”.

O governo de extrema direita do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyhau, ainda afirmou que a medida “encoraja o Hamas por sua Irmandade Muçulmana afiliada no Reino Unido”.

“Os próprios líderes do Hamas admitem abertamente: esse reconhecimento é um resultado direto, o “fruto” do massacre de 7 de outubro. Não deixe que a ideologia jihadista dite sua política”, concluiu a nota.

(*) Com Brasil de Fato