Brasil expressa ‘satisfação’ com reconhecimento do Estado palestino por países europeus
Itamaraty lembrou que medida deve ser anunciada por outras nações durante Assembleia Geral da ONU, com início marcado para próxima terça (23)
O Brasil expressou “satisfação” com o anúncio do reconhecimento do Estado da Palestina pela Austrália, Canadá, Reino Unido e Portugal, anunciado no último domingo.
Por meio de uma nota do Ministério das Relações Exteriores, o governo brasileiro afirmou que a decisão “evidencia o crescente consenso internacional sobre a necessidade de assegurar ao povo palestino o direito à autodeterminação”.
O Itamaraty ainda lembrou que o reconhecimento do Estado palestino deve ser feito por outros países durante 80ª Semana de Alto Nível da Assembleia Geral da ONU, que será iniciada na próxima terça-feira (23/09).
O Brasil reconhece o Estado da Palestina desde 2010 e defendeu que “o único caminho para a paz e a estabilidade no Oriente Médio passa pela implementação da solução de dois Estados”.
Em detalhe a nota exigiu ainda um “Estado da Palestina independente e viável, coexistindo lado a lado com Israel, em paz e segurança, dentro das fronteiras de 1967, incluindo a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, com Jerusalém Oriental como capital”.
Ao anunciar o reconhecimento, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, declarou que “a crise humanitária provocada em Gaza atinge novos níveis. O bombardeamento implacável e crescente do governo israelense. A ofensiva das últimas semanas, a fome e a devastação são absolutamente intoleráveis”.
“Apelamos novamente ao governo israelense para que suspenda as restrições inaceitáveis à fronteira, pare com essas táticas cruéis e permita a entrada da ajuda humanitária”, instou, exigindo também um cessar-fogo.
O mandatário britânico não deixou o Hamas de fora de seu discurso. Ao classificar os ataques de 7 de outubro de 2023, que deram início à mais recente ofensiva israelense em Gaza, como “bárbaros” e o grupo como “organização terrorista brutal”, Starmer exigiu a “libertação imediata” dos reféns capturados pela resistência palestina.

Brasil reconhece Estado da Palestina desde 2010
JBouchez/Wikicommons
O premiê também defendeu que o reconhecimento do Estado palestino “não é uma recompensa para o Hamas”, estabelecendo que o grupo “não pode ter futuro, nem papel no governo ou na segurança” de Gaza.
Starmer observou que o reconhecimento do Estado palestino para a existência de uma solução de dois Estados na região “é um plano prático para unir as pessoas em torno de uma visão comum e de uma série de medidas”, que incluem uma reforma na Autoridade Nacional Palestina (ANP), movimento reconhecido pela ONU que deveria administrar a Faixa de Gaza.
“Outras medidas, incluindo o estabelecimento de relações diplomáticas e a abertura de embaixadas, serão consideradas à medida que a Autoridade Palestina avançar em seus compromissos de reforma”, detalhou.
Em seu discurso, Starmer ainda abordou a questão da reconstrução de Gaza, dizendo que um “trabalho crucial” envolvendo toda a comunidade internacional já está em andamento.
“A liderança dos países da Liga Árabe e dos Estados Unidos é vital para essa tarefa. A Austrália continuará a trabalhar com nossos parceiros internacionais para ajudar a dar continuidade ao ato de reconhecimento de hoje e aproximar o Oriente Médio da paz e segurança duradouras que são a esperança e o direito de toda a humanidade”, concluiu.
Além dos países deste domingo, nove países já haviam feito movimento semelhante desde a intensificação do genícido em Gaza: Espanha, Irlanda, Noruega, Eslovênia, Bahamas, Jamaica, Barbados, Armênia e Trinidad e Tobago.
Outros países como Malta, Bélgica e Luxemburgo também devem formalizar o reconhecimento da Palestina durante a Assembleia da ONU.
Após o anúncio, Israel repudiou a medida por meio de seu Ministério das Relações Exteriores. “O reconhecimento nada mais é do que uma recompensa para o Hamas jihadista”.
O governo de extrema direita do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyhau, ainda afirmou que a medida “encoraja o Hamas por sua Irmandade Muçulmana afiliada no Reino Unido”.
“Os próprios líderes do Hamas admitem abertamente: esse reconhecimento é um resultado direto, o “fruto” do massacre de 7 de outubro. Não deixe que a ideologia jihadista dite sua política”, concluiu a nota.
(*) Com Brasil de Fato























