Brasil apoia plano de Trump para Gaza, e Hamas pede alterações
Chanceler Mauro Vieira afirmou que proposta condiz com o que governo Lula defende desde início do genocídio; grupo palestino segue analisando texto
O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, manifestou nesta quarta-feira (01/10) o apoio do governo Lula ao plano de paz para a Faixa de Gaza, apresentado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e endossado pelo primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu, no início desta semana.
“Sem dúvida, o Brasil aplaude a iniciativa, e fazemos votos de que ela surta efeito, de que seja aceita por todas as partes”, afirmou o chanceler durante audiência na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.
Vieira disse que a proposta do mandatário norte-americano é similar à defendida pelo governo brasileiro em diversos fóruns internacionais, inclusive no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU).
“O objetivo é justamente o mesmo que nós defendemos desde o início do conflito: a libertação dos reféns, o cessar-fogo imediato, a reconstrução de Gaza e o respeito aos direitos humanos”, acrescentou Vieira.
Composto por 20 tópicos, o plano de Trump prevê a libertação dos reféns, a desmilitarização do Hamas, a retirada gradual das Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) do enclave e o envio de tropas estrangeiras de “estabilização” para o território. O texto não fornece detalhes, mas diz que o plano pode abrir espaço para a criação de um Estado palestino.
Ainda sobre os EUA, o ministro confirmou a articulação em curso de uma conversa entre Lula e Trump, que pode ocorrer de forma remota ou presencial.
“Eu conversei com altos assessores do presidente Trump e ficamos de encontrar, de examinar um momento, que tanto pode ser por um telefonema, videoconferência, como um encontro em um momento específico em que ambos estejam presentes no mesmo evento internacional”, afirmou. O diálogo foi marcado e anunciado no âmbito da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), durante a qual Trump, em seu discurso, revelou ter tido uma “química” com o homólogo brasileiro, em meio ao desgaste diplomático.
A assembleia da ONU desta edição foi marcada pelos discursos condenatórios ao genocídio promovido por Israel em Gaza, que em breve completa dois anos. Além disso, houve protestos dentro do plenário, por parte das delegações internacionais, como também fora da sede, pelos civis pró-Palestina.

Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira diz que governo Lula apoia plano de paz de Donald Trump para a Faixa de Gaza
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Hamas pede alterações no plano
O Hamas segue analisando o plano de Trump sobre a Faixa de Gaza. Ao canal saudita Al-Sharq, nesta quarta-feira, uma fonte confirmou que no dia anterior foram realizadas reuniões em Doha, entre representantes do Catar, Egito e Turquia, que “encorajaram o Hamas a aceitar a proposta” norte-americana.
Mesmo assim, o grupo palestino pediu algumas modificações na proposta, principalmente nas demandas que dizem respeito a cláusulas de desarmamento, ao exílio de sua liderança e à necessidade de obter garantias para a retirada completa das IDF.
As fontes ouvidas pela emissora acrescentaram que o prazo de “três a quatro dias” dado por Trump na terça-feira (30/09), sob ameaça de que se o Hamas não concordar com o texto nesse período levará o massacre em Gaza até o fim, “não é realista” para o grupo palestino. Segundo o relato, o Hamas teria deixado claro que “garantias internacionais são necessárias e que levará de dois a três dias para definir sua posição”.
(*) Com Ansa























