Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Bernie Sanders, senador judeu e de esquerda nos Estados Unidos, usou pela primeira vez o termo “genocídio” para classificar a ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, após quase dois anos de massacres na região. A declaração foi dada nesta quarta-feira (17/09) em artigo publicado no seu site sob o título “É genocídio”.

O texto foi divulgado um dia após a Comissão de Inquérito da ONU divulgar um relatório que conclui que Israel comete genocídio contra os palestinos. Até então, o senador evitou o uso do termo. “A intenção é clara. A conclusão é inescapável: Israel está cometendo genocídio em Gaza”, afirma.

“Israel não se defendeu simplesmente do Hamas. Em vez disso, travou uma guerra total contra todo o povo palestino. De uma população de 2,2 milhões de palestinos em Gaza, Israel já matou cerca de 65 mil pessoas e feriu aproximadamente 164 mil”, detalha o texto.

O senador norte-americano lembra que “o número total de mortos é provavelmente muito maior, com milhares de corpos soterrados sob os escombros”. E menciona que, segundo um banco de dados militar de Israel vazado, “83% dos mortos eram civis e mais de 18 mil crianças foram mortas, incluindo 12 mil com 12 anos ou menos”.

Sanders também cita o bloqueio de ajuda humanitária pelo premiê israelense Benjamin Netanyahu: “por quase dois anos, o governo extremista de Netanyahu limitou severamente a quantidade de ajuda humanitária permitida em Gaza e criou todos os obstáculos possíveis para as Nações Unidas e outros grupos de ajuda humanitária que tentam fornecer suprimentos vitais”.

Bernie Sanders
Shelly Prevost / Wikimedia Commons

Genocídio

Especificamente sobre o termo “genocídio”, o congressista norte-americano destaca que a palavra remete ao Holocausto, “o assassinato de seis milhões de judeus — um dos capítulos mais sombrios da história da humanidade”. E alerta: “não se enganem. Se não houver responsabilização por Netanyahu e seus companheiros criminosos de guerra, outros demagogos farão o mesmo. A história exige que o mundo aja em uma só voz para dizer: chega. Chega de genocídio”.

Sanders é o primeiro senador em exercício nos Estados Unidos a usar formalmente o termo. No artigo ele defende que “os Estados Unidos não devem continuar enviando muitos bilhões de dólares e armas ao governo genocida de Netanyahu” que “segue abertamente uma política de limpeza étnica em Gaza e na Cisjordânia”.

Diz também que “tendo tornado a vida insuportável com bombardeios e fome, eles pressionam pela migração ‘voluntária’ de palestinos para países vizinhos, a fim de dar lugar à visão distorcida do presidente Trump de uma ‘Riviera do Oriente Médio'”.

“Devemos usar cada grama da nossa influência para exigir um cessar-fogo imediato, um grande fluxo de ajuda humanitária coordenada pela ONU e os primeiros passos para garantir aos palestinos um Estado próprio”, apelou o senador, ao alertar para o risco de que crimes “horríveis contra a humanidade possam ocorrer impunemente” se não houver reação internacional.

Leia a íntegra do texto.