Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O ministro da Segurança Nacional israelense de extrema direita, Itamar Ben-Gvir, atacou o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu por não retornar completamente ao que chamou de “guerra em grande escala” na Faixa de Gaza. A crítica foi feita após a decisão israelense de violar e logo reaplicar unilateralmente o cessar-fogo no território palestino. No dia anterior, o premiê aprovou a execução de bombardeios intensos que deixaram pelo menos 100 palestinos mortos e centenas de feridos.

Sem provas, o ministro declarou que “mais uma vez, o Hamas assassina um de nossos soldados durante um ‘cessar-fogo’ e, mais uma vez, o primeiro-ministro opta por concluir o incidente com uma ‘resposta medida’ e um retorno imediato ao cessar-fogo, enquanto continua a permitir a entrada de ajuda ‘humanitária’, em vez de retornar à guerra em grande escala e se esforçar para alcançar rapidamente o objetivo principal: a destruição do Hamas”. A posição foi publicada na plataforma X nesta quarta-feira (29/10).

Ben-Gvir também alertou que, se Netanyahu abandonar o objetivo de desmantelar o Hamas, “o governo não terá o direito de existir”, uma ameaça que também foi apresentada antes da votação para a aprovação do acordo que vigora. Em 9 de outubro, o político de extrema direita enfatizou que seu partido Otzma Yehudit “derrubaria o governo” caso o plano de paz norte-americano fosse implementado sob as condições que previam naquela ocasião. A ameaça da sigla de Ben Gvur configura uma ameaça a Netanyahu, pois corre risco de perder maioria parlamentar no Parlamento do Knesset.

Durante a noite de terça-feira (28/10), ao menos 100 palestinos foram mortos, incluindo 35 crianças, e mais de 200 ficaram feridos em uma série de ataques aéreos israelenses na Faixa de Gaza, marcando o dia mais letal desde a implementação do acordo de cessar-fogo, em 10 de outubro. De acordo com as equipes da Defesa Civil de Gaza, os ataques atingiram as regiões norte e sul de Gaza.

Após os ataques letais no enclave, o Exército de Israel anunciou que “retomou a aplicação do cessar-fogo”. A decisão de ordenar os bombardeios ocorreu após relatos de um confronto entre combatentes palestinos, inicialmente associados ao Hamas, e tropas israelenses no extremo sul, em Rafah. O governo israelenses emitiu uma nota afirmando que o primeiro-ministro Netanyahu havia instruído as tropas “a realizar imediatamente ataques poderosos na Faixa de Gaza”.

O Hamas, por sua vez, negou envolvimento com o tiroteio e reforçou compromisso com o cessar-fogo. Segundo o movimento, “o ataque criminoso do exército de ocupação em várias áreas de Gaza constitui uma grave violação do acordo de cessar-fogo assinado em Sharm el-Sheikh sob os auspícios do presidente dos EUA, Trump […] O ataque é uma continuação de uma série de violações nos últimos dias”.

O grupo pediu aos mediadores do cessar-fogo “que tomem medidas imediatas para pressionar” Israel a interromper seu ataque e “obrigá-lo a cumprir” todas as disposições do acordo.