Autoridades barram torcedores israelenses por risco de violência; governo Starmer considera ‘inaceitável’
Agentes de segurança decidiram restringir acesso do Maccabi Tel Aviv em partida contra Aston Villa devido aos ‘confrontos e crime de ódio’ que ocorreram em jogo na Holanda
O governo do Reino Unido classificou nesta segunda-feira (20/10) como “inaceitável” a proibição dos torcedores do time de futebol israelense Maccabi Tel Aviv na partida contra o inglês Aston Villa pela Liga Europa da União das Associações Europeias de Futebol (UEFA) em novembro.
Em entrevista à emissora norte-americana Sky News, a secretária de Educação britânica, Bridget Phillipson, disse que o governo do primeiro-ministro Keir Starmer “fará o que for necessário junto com outras autoridades relevantes para garantir que os fãs possam comparecer” à partida.
“Acho inaceitável termos chegado a uma posição em que os torcedores visitantes não podem comparecer pelos motivos citados e, portanto, temos um papel a desempenhar, mas outras autoridades relevantes em West Midlands também levarão isso em consideração”, declarou.
Starmer já havia considerado a medida como “errada”, afirmando que “não tolerará antissemitismo em nossas ruas”, reverberando a narrativa de que sancionar organizações israelenses devido ao genocídio em Gaza promove ódio contra judeus.
A decisão sobre a partida em 6 de novembro foi tomada pelo Grupo Consultivo de Segurança de Birmingham, que é o órgão responsável pela decisão de segurança para cada partida no estádio de futebol inglês Villa Park.
Segundo a Polícia de West Midlands, a decisão foi tomada com base na “inteligência atual e incidentes anteriores, incluindo confrontos violentos e crimes de ódio que ocorreram durante a partida da Liga Europa da UEFA de 2024 entre Ajax e Maccabi Tel Aviv em Amsterdã”, na Holanda.
Repercussão
Segundo o portal britânico Morning Star, oficiais seniores da Unidade de Policiamento de Futebol do Reino Unido manifestaram apoio à proibição, falando sobre a importância de “respeitar e apoiar as estruturas existentes para tomar essas decisões”.
O periódico também afirmou que políticos de esquerda acolheram a medida, inclusive pedindo “uma exclusão mais ampla de equipes israelenses de competições internacionais, semelhante ao boicote esportivo do apartheid na África do Sul”.
Ayoub Khan, deputado do bairro de Perry Barr, em Birmingham, no Reino Unido, declarou que a partida entre o Maccabi Tel Aviv e o Aston Villa apresenta “riscos latentes à segurança” e que a “dinâmica política” em torno da partida “não pode ser ignorada”.
Khan e o parlamentar independente Jeremy Corbyn iniciaram uma petição pedindo que a partida fosse cancelada, realizada em um terceiro país ou disputada a portas fechadas.

“O futebol israelense não pode ser separado do regime de apartheid de Israel”, disse Campanha de Solidariedade com a Palestina
Maccabi Tel Aviv FC/X
Segundo os deputados, permitir a realização da partida transmitira “uma mensagem de normalização e indiferença às atrocidades em massa” que Israel comete na Faixa de Gaza.
Os parlamentares também acusaram os torcedores de Tel Aviv de causar “graves perturbações e violência” durante partidas anteriores, referindo-se ao jogo na Holanda.
A polícia holandesa relatou que torcedores do Maccabi arrancaram e queimaram uma bandeira palestina, vandalizaram veículos e gritaram slogans antipalestinos antes da partida. Dezenas de pessoas ficaram feridas nos confrontos que se seguiram e 62 pessoas foram presas.
“A chegada deles a Aston — uma comunidade diversa e predominantemente muçulmana — representa um risco real de tensões dentro da comunidade e desordem”, disse a petição.
A medida também foi apoiada pela Campanha de Solidariedade com a Palestina (PSC): “Os torcedores do Maccabi Tel Aviv têm uma longa e sórdida história de cânticos genocidas e violência racista”.
“No ano passado, eles devastaram Amsterdã, atacando moradores e tentaram até mesmo arrastar um taxista para fora do carro”, disse a organização.
Segundo a PSC, o Maccabi Tel Aviv está “diretamente envolvido nas atrocidades de Israel, incluindo o envio de “pacotes de cuidados” para soldados israelenses e a organização de vídeos de funcionários do clube servindo como soldados israelenses como motivação antes das partidas”.
“O futebol israelense não pode ser separado do regime de apartheid de Israel”, acrescentou, pedindo também o cancelamento da partida.
O líder conservador britânico Kemi Badenoch chamou a decisão de “uma vergonha nacional” e pediu que Starmer interviesse, enquanto o ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Sa’ar, denunciou-a como “vergonhosa” e exigiu que o Reino Unido revertesse o que ele chamou de “decisão covarde”.
Antes da partida que deve ser realizada em novembro, um outro jogo com a participação do Maccabi Tel Aviv, contra o Hapoel Tel Aviv, estava marcado para ocorrer no último domingo (19/10), mas foi cancelado poucas horas antes de seu início.
“Após a decisão da polícia, foi determinado que o clássico de Tel Aviv não ocorrerá esta noite”, anunciou o Maccabi Tel Aviv por meio da rede social X.
(*) Com informações de Bahia Verdade e Middle East Monitor























