Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O chefe do gabinete político do Hamas, Ismail Haniyeh, foi assassinado no Irã nas primeiras horas da manhã desta quarta-feira (31/07) no que o grupo palestino descreveu como “um ataque sionista traiçoeiro”, garantindo que o atentado “não ficará impune”.

“O Hamas declara ao grande povo palestino, ao povo das nações árabes e islâmicas, e a todos os povos livres do mundo, o irmão líder Ismail Ismail Haniyeh um mártir”, anunciou o movimento, em comunicado.

A autoridade máxima do Hamas, de 62 anos, morreu junto com um guarda-costas quando a residência onde estava hospedado foi alvejada. Haniyeh estava em Teerã para participar da cerimônia de posse do novo presidente iraniano Masoud Pezeshkian, celebrada na tarde de terça-feira (30/07). A Guarda Revolucionária Islâmica do Irã também confirmou sua morte horas depois dele ter marcado presença no evento presidencial.

Em um comunicado divulgado pela imprensa iraniana, Pezeshkian assegurou que seu país “defenderá sua integridade territorial, dignidade, honra e orgulho, e fará com que os ocupantes terroristas se arrependam de seu ato covarde”.

O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, classificou o assassinato de Haniyeh como um “ato covarde” e pediu aos palestinos que permaneçam unidos contra Israel.

“O presidente Mahmoud Abbas, do Estado da Palestina, condenou veementemente o assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, considerando-o um ato covarde e uma séria escalada”, declarou o gabinete de Abbas, em comunicado. “Ele exortou nosso povo e suas forças a se unirem, permanecerem pacientes e permanecerem firmes contra a ocupação israelense.”

Países como Turquia, China, Rússia e Catar também condenaram o assassinato e alertaram para o risco de agravamento e propagação do conflito.

Wikimedia Commons/council.gov.ru
Líder político do Hamas, Ismail Haniyeh foi assassinado, aos 62 anos, em Teerã

Quem foi Ismail Haniyeh?

Nascido no campo de refugiados de Shati, no norte de Gaza, e filho de pais deslocados da cidade Asqalan, em 1948, Ismail Haniyeh tem um longo histórico como ativista pela causa palestina. Desde seus tempos estudantis na Universidade Islâmica da Cidade de Gaza, integrava movimentos que lutavam contra a ocupação israelense. Em 1983, ele se juntou ao Bloco Estudantil Islâmico, uma organização amplamente vista como a precursora do Hamas.

Já em dezembro de 1987, participou dos protestos contra a ocupação israelense no levante palestino conhecido como a primeira Intifada. Foi justamente nesse ano que o Hamas foi fundado, incluindo Haniyeh entre seus membros mais jovens.

Assassinado aos 62 anos, a autoridade máxima do movimento palestino teve uma breve passagem como primeiro-ministro da Autoridade Palestina em 2006 e emergiu como uma força importante ao grupo de resistência do Hamas. Segundo a emissora cateri Al Jazeera, “assim como muitos de seus colegas, gerações de políticos e ativistas palestinos, há muito tempo esteve na mira de Israel”.

O atentado contra Haniyeh ocorreu no âmbito da intensificação das operações militares israelenses na Faixa de Gaza iniciadas em 7 de outubro de 2023. Embora o governo israelense não tenha assumido formalmente o assassinato, Amichay Eliyahu, ministro do Patrimônio de Israel, comemorou a morte por meio de uma publicação em rede social ao afirmar que “a morte de Haniyeh torna o mundo um pouco melhor”.

Por diversas ocasiões, Israel prometeu matar Ismail Haniyeh e outros líderes do Hamas.  Em 25 de junho, um ataque aéreo reivindicado pelas Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) matou dez membros da família do líder do grupo palestino, incluindo sua irmã, no campo de refugiados de Shati, no norte de Gaza. 

Já em abril, três filhos e três netos do líder político do Hamas foram assassinados pelas forças israelenses enquanto viajavam de carro ao campo de refugiados de Shati para visitar seus parentes.