Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta terça (24/10) que os ataques cometidos pelo Hamas em 7 de outubro não são justificativa para Israel matar civis palestinos na Faixa de Gaza.

“Não é porque o Hamas cometeu um ato terrorista contra Israel que Israel tem que matar milhões de inocentes. Não é possível que as pessoas não tenham sensibilidade”, afirmou Lula. 

Em sua live semanal “Conversa com o Presidente”, o mandatário disse que vai “continuar falando de paz” e cobrou “senso de humanidade” diante do conflito no Oriente Médio.

O presidente brasileiro ainda acrescentou que a Organização das Nações Unidas (ONU) “não tem força” para intervir. A declaração do presidente decorre do veto que a proposta brasileira no Conselho de Segurança da organização sofreu na última quarta-feira (12/10). 

O documento brasileiro recebeu 12 votos a favor, duas abstenções (Reino Unido e Rússia), e apenas um veto, dos Estados Unidos, que tradicionalmente defendem Israel na organização. 

No mesmo dia da votação, o presidente norte-americano Joe Biden visitou Tel Aviv e declarou apoio irrestrito ao país após encontro com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. 

O texto apresentado pelo Brasil solicitava a abertura de corredores humanitários em Gaza, condenando os ataques do Hamas, e pedindo pausas na guerra para atendimento aos civis e a retomada de serviços essenciais.

Após o veto, o representante permanente do Brasil na ONU, Sérgio Danese, manifestou-se. “Silêncio” e “Inação” foram as descrições do embaixador para a situação. 

“Infelizmente, muito infelizmente, o Conselho foi mais uma vez incapaz de adotar uma resolução sobre o conflito israelo-palestino. Mais uma vez, o silêncio e a inação prevaleceram”, anunciou Danese por meio de um comunicado veiculado pelo Itamaraty.

O Conselho de Segurança da ONU não aprova uma resolução sobre a crise no Oriente Médio desde 2016. A organização vem enfrentando críticas por não conseguir eficácia em lidar com graves conflitos internacionais, repetindo a pressão que já vinha sofrendo com a guerra da Ucrânia.

Presidente brasileiro também fez críticas à ONU 'que não tem forças' para intervir no conflito; Conselho de Segurança rejeitou duas propostas de solução e deve discutir documento norte-americano em defesa de Israel na próxima quinta (26/10)

Flickr/Palácio do Planalto

Lula fez declarações sobre ONU após órgão vetar proposta brasileira para solução de conflito no Oriente Médio

Proposta norte-americana em defesa de Israel

O governo dos Estados Unidos tenta “recuperar o terreno” após vetar a resolução do Brasil apresentada no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

De acordo com fontes do Itamaraty, a gestão norte-americana teria ficado “mal na fita” com um posicionamento isolado entre os países que atenderam à votação diante dos ataques de Israel em Gaza, uma vez que o projeto brasileiro teve consenso da maioria na votação.

Para conseguir “restaurar a imagem”, Washington teria formulado um novo texto para o Conselho.

No entanto, este projeto deve render outras discussões diplomáticas ao longo dos próximos dias, já que apresenta um desequilíbrio ao condenar duramente o Hamas enquanto defende a “resposta” dos israelenses.

Diante disso, o presidente da Assembleia Geral da ONU, Dennis Francis, anunciou que a organização se reunirá na próxima quinta-feira (26/10) para debater o conflito e a proposta norte-americana. 

Até o momento, além da proposta brasileira, a russa também foi vetada.  Cinco países votaram a favor do documento. Os EUA, Reino Unido, França e Japão votaram contra. Outros seis países se abstiveram de votar, incluindo o Brasil.

O documento russo apelava a um cessar-fogo imediato e à libertação de todos os prisioneiros, além de condenar a violência e as hostilidades contra civis.

Lula e Putin pedem 'rápido cessar-fogo 'em Gaza

Lula também conversou por telefone nesta segunda-feira (23/10) com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre o conflito entre Israel e Palestina. Segundo o serviço de imprensa do Kremlin, os líderes expressaram séria preocupação com o aumento do número de vítimas entre civis.

De acordo com as informações do governo russo, a conversa partiu da iniciativa de Lula. Os líderes destacaram a importância de estabelecer um rápido cessar-fogo e garantir a evacuação de cidadãos estrangeiros da Faixa de Gaza.

“Foi expressa séria preocupação sobre o número crescente de vítimas civis, e foi enfatizada a importância fundamental de um cessar-fogo rápido, da evacuação de cidadãos estrangeiros da Faixa de Gaza e da garantia de acesso desimpedido ao enclave para ajuda humanitária”, diz o comunicado.

Durante o diálogo, o presidente Lula falou com Putin sobre a situação dos cidadãos brasileiros em Gaza e reiterou a urgência para a criação de um corredor humanitário que permita a saída dos estrangeiros e a entrada de remédios, água e alimentos no local, sob bloqueio israelense.

(*) Com Ansa e Brasil de Fato