Atletas pressionam UEFA para banir federação israelense por genocídio em Gaza
Carta assinada por mais de 70 esportistas, incluindo Pogba e Ziyech, pede que entidade responsabilize país por crimes contra os palestinos
A União das Associações Europeias de Futebol (UEFA), entidade máxima do futebol europeu, recebeu uma carta assinada por mais de 70 esportistas pedindo banimento de Israel dos torneios internacionais de futebol. Intitulados “Atletas pela paz”, o grupo quer que a organização responsabilize a Associação Israelense de Futebol (IFA, na sigla em inglês) pelas ações no enclave em Gaza.
O Tribunal de Gaza, o Game Over Israel e a Fundação Hind Rajab, que carrega o nome de uma menina de seis anos morta na guerra em 2024, assinaram o texto que foi entregue ao presidente Aleksander Ceferin.
“Nenhum espaço, palco ou arena compartilhados pela sociedade civil internacional devem acolher um regime que comete genocídio, apartheid e outros crimes contra a humanidade”, dizia a carta, redigida pela Game Over Israel.
Os jogadores Paul Pogba (Monaco), Adama Traoré (Fulham) e Hakim Ziyech (Wydad Casablanca) estão entre os apoiadores do manifesto.
“A impunidade contínua de Israel por tais crimes só terminará com o peso da ação coletiva consciente, incluindo medidas para impedir sua entrada em eventos e atividades esportivas ou culturais”.
O próximo encontro do Comitê Executivo da UEFA está marcado para o dia 3 dezembro, em Nyon, na Suíça. A expectativa é que a reunião decida o futuro de Israel nas competições internacionais. Na FIFA, as últimas declarações apontam para a permanência do país nos torneios.
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Anteriormente a entidade estava considerando vetar Israel de todas as competições internacionais. Em setembro, um painel de especialistas da Organização das Nações Unidas (ONU) instou a UEFA e a Federação Internacional de Futebol Associação (FIFA) que “suspendessem Israel como seleção nacional do futebol internacional, como uma resposta necessária para lidar com o genocídio em curso no território palestino ocupado”.
Uma provável expulsão da IFA, a qual é membro da UEFA desde 1994, pressionaria a FIFA a adotar medida semelhante. Mas mesmo que a FIFA não avance com uma sanção, ser excluído da UEFA impediria Israel de participar das eliminatórias da Copa do Mundo.
Intervenções contra Israel
Em setembro, o presidente da Federação Turca de Futebol, Ibrahim Haciosmanoglu, também apoiou o pedido de suspensão de Israel do futebol europeu. A Associação de Futebol da Irlanda (FAI) aprovou uma resolução semelhante no início deste mês.
A Associação Italiana de Treinadores (AIAC) enviou uma declaração oficial à Federação Italiana de Futebol (FIGC) em agosto afirmando que “Israel precisa parar e o futebol também precisa agir” ao exigir que Tel Aviv seja “temporariamente suspenso” das competições internacionais devido ao “genocídio que está ocorrendo em Gaza há quase dois anos”.
“O Conselho Diretor da AIAC acredita unanimemente que, dados os massacres diários, que também resultaram em centenas de mortes entre dirigentes, técnicos e atletas… é legítimo, necessário, na verdade um dever, colocar no centro das negociações da federação o pedido, a ser submetido à UEFA e à FIFA, para a exclusão temporária de Israel das competições esportivas”, diz um dos trechos da carta.
O vice-presidente, Giancarlo Camolese, também se pronunciou: “Poderíamos simplesmente nos concentrar em jogar, olhando para o outro lado. Mas acreditamos que isso não está certo”.
Israel mata lenda do futebol palestino
Conhecido como “Pelé do futebol palestino”, o ex-atacante da seleção da Palestina Suleiman Al-Obeid foi morto em seis de agosto pelas forças israelenses. A informação foi confirmada pela Federação Palestina de Futebol (PFA, na sigla em inglês), que publicou uma nota com detalhes sobre o caso.
A “joia negra” estava aguardando um dos caminhões de ajuda humanitária no sul da Faixa de Gaza. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 1.560 palestinos foram mortos por forças israelenses enquanto aguardavam ajuda humanitária.
Nascido em 1984, na Cidade de Gaza, Al-Obeid tinha 41 anos, era casado e pai de cinco filhos – dois meninos e três meninas. A federação afirma que ele estava entre os civis que esperavam por alimentos quando foi atingido por disparos.
A carreira do atacante começou no clube Khadamat Al-Shati (Serviços da Praia). Mais tarde, ele se transferiu para o Centro Juventude Al-Amari, na Cisjordânia ocupada, e em seguida defendeu o Gaza Sports Club. Com passagem pela seleção nacional, Al-Obeid disputou 24 partidas internacionais e marcou mais de 100 gols em sua trajetória.























