Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A infraestrutura agrícola palestina, especialmente suas lendárias oliveiras, tem sido alvo dos colonos israelenses na Cisjordânia ocupada. O Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) relatou 126 ataques em 70 cidades e vilarejos, resultando na destruição de mais de 4.000 oliveiras e mudas, apenas no mês de outubro, em meio à curta temporada anual de colheita.

Esse nível de destruição, informa a agência, representa o maior número de ataques registrados desde 2020 e acontece em meio às tentativas do premiê Benjamin Netanyahu de anexar o território.

Neste sábado (01/11), em Sinjil, perto de Ramallah, colonos armados atacaram uma família palestina que trabalhava em seu olival, expulsaram os agricultores e roubaram equipamentos. Em outro incidente, perto de Huwara, ao sul de Nablus, eles derrubaram sacos de azeitonas recém-colhidas no chão, destruindo a produção, conforme relato da Al Jazeera.

Em publicação na plataforma X, a agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA) alertou que outubro de 2025 caminha para se tornar o mês mais violento na Cisjordânia desde que o organismo começou a monitorar a violência de colonos israelenses, em 2013.

“A colheita anual de azeitonas é o principal meio de subsistência de dezenas de milhares de palestinos, com as oliveiras profundamente enraizadas na herança e identidade palestinas”, afirmou Roland Friedrich, diretor de Assuntos da UNRWA para a Cisjordânia ocupada.

Moradores inspecionam danos causados após ataque de colonos israelenses
Agência WAFA

“Os ataques à colheita de azeitonas ameaçam o próprio modo de vida de muitos palestinos e aprofundam ainda mais o ambiente coercitivo na Cisjordânia ocupada. As famílias devem ter acesso irrestrito às suas terras para colher suas azeitonas em condições seguras”, acrescentou o diretor da UNRWA.

Identidade cultural

Nas últimas semanas, incêndios criminosos foram documentados como parte de uma estratégia que, segundo observadores internacionais, busca deslocar comunidades palestinas e enfraquecer seus meios de subsistência econômica. Um dos focos de tensão mais graves foi na cidade de Turmus Ayya, onde ocorreram diversos incidentes violentos.

Durante décadas, o exército israelense arrancou milhares de oliveiras em toda a Cisjordânia, naquilo que as agências internacionais apontam como um ataque direto à identidade, ao território e à permanência do povo palestino em sua terra.

A produção de azeite não é apenas base econômica, ela integra a memória, a história e a continuidade cultural palestina. Em muitas vilas, famílias colhem as mesmas árvores há gerações, marcando a época da colheita como um rito comunitário.

A ONU afirma que a violência atual aprofunda o ambiente coercitivo na Cisjordânia e está diretamente relacionada ao avanço dos assentamentos e à política de ocupação, já denunciada por diversos organismos internacionais e países como uma violação ao direito internacional.