Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Ao menos seis pessoas morreram e mais de 10 ficaram feridas em um atentado a tiros dentro de um ônibus na manhã desta segunda-feira (08/09) em Jerusalém.

O atentado foi atribuído a dois palestinos, que teriam entrado em um ônibus e atirado contra os passageiros.

As autoridades israelenses informaram que entre as vítimas estão três rabinos, sendo Levi Yitzhak Fash, que não teve a idade divulgada; Israel Menatzer, de 28 anos e Yosef David, de 43. Outra pessoa que perdeu a vida no tiroteio foi o imigrante espanhol Yaakov Pinto, 25, recém-casado e que havia se mudado há pouco para Jerusalém. Os outros dois mortos são um homem e uma mulher, que não tiveram as identidades reveladas.

Um paramédico que atendeu as vítimas contou ao noticiário do Channel 12 que viu “pessoas inconscientes na beira da estrada e na calçada perto do ponto de ônibus”.

“Havia muita destruição no local, cacos de vidro no chão e muita confusão. Começamos a prestar atendimento médico aos feridos e continuamos a atendê-los e a transportá-los para o hospital”, acrescentou.

Os atiradores, mortos pela polícia israelense e por civis armados, são oriundos de dois vilarejos na Cisjordânia, Kubiba e Katna, onde as Forças de Defesa de Israel (IDF) criaram um suposto cordão de segurança, no território palestino que ocupa ilegalmente.

As autoridades também afirmaram que os dois não tinham permissão para entrar em território israelense e conseguiram acessar Israel “por uma brecha na cerca de segurança”.

Governo Netanyahu intensifica discurso extremista

O primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, classificou o ataque como “terrorismo” e disse que, apesar do mais recente ato, está empenhado “em uma guerra feroz” que tem apresentado “sucessos”, referindo-se ao genocídio que promove contra os palestinos na Faixa de Gaza.

Ao comparecer ao local do atentado, na zona norte de Jerusalém, o mandatário de extrema direita “está avaliando a situação com autoridades de segurança nacional”, informou seu gabinete.

Netanyahu ainda prometeu “capturar todos” possíveis envolvidos no ataque e “tomar medidas ainda mais severas”.

O primeiro-ministro também aproveitou o momento para a criticar a Suprema Corte de Israel, denunciou que prisioneiros palestinos em prisões israelenses estavam sendo privados de comida.

“Quanto ao tribunal, vocês também fazem parte da guerra. Não facilitamos a vida dos nossos inimigos. Vamos derrotá-los de frente, e é assim que vocês também devem agir”, disse ele, citado pela Al Jazeera.

Já o ministro da Segurança de Israel, Itamar Ben-Gvir, além de lamentar o ataque, falou sobre o “ato de heroísmo” das forças policiais e civis responsáveis pela morte dos atiradores.

“Eles [civis israelenses] receberam armas como parte da reforma do armamento. Eu disse que armas salvam vidas. Apelo aos cidadãos de Israel: vão se armar”, declarou.

Netanyahu prometeu “capturar todos” possíveis envolvidos no ataque e “tomar medidas ainda mais severas”
RS/via Fotos Publicas

Outro ministro extremista de Netanyahu, Bezalel Smotrich, responsável pelas Finanças, defendeu o fim da Autoridade Nacional Palestina (ANP), órgão governamental que deveria ser responsável pela Faixa de Gaza e partes da Cisjordânia.

“O Estado de Israel não pode aceitar uma Autoridade Palestina que cria e educa seus filhos para assassinar judeus. A Autoridade Palestina deve desaparecer do mapa e as aldeias de onde os terroristas vieram devem se parecer com Rafah e Beit Hanoun”, completamente destruídas pelo genocídio que Israel promove na Faixa de Gaza.

ANP exige fim da ocupação e Hamas chama ato de “resposta natural”

Por sua vez, a ANP se manifestou e condenou o atentado em nota oficial.

“A Presidência Palestina da ANP reitera sua posição firme de rejeição e condenação de qualquer ataque contra civis palestinos e israelenses e denuncia todas as formas de violência e terrorismo, independentemente de sua origem”, diz o texto.

Por outro lado, a ANP lembrou que nenhuma “segurança e a estabilidade na região podem ser alcançadas” sem o fim da ocupação israelense e a interrupção “dos atos de genocídio na Faixa [de Gaza] — que já deixaram cerca de 65 mil mortos, sendo 40 pessoas somente nesta segunda-feira (08/09), e seis por fome, segundo o relato de fontes médicas a Al Jazeera.

O documento ainda exigiu o fim do “terrorismo colonial em toda a Cisjordânia, incluindo Jerusalém ocupada”. O exército israelense ocupou a zona oriental da cidade em 1967 e, desde então, mantém o território sob seu controle, apesar de várias resoluções do Conselho de Segurança da ONU exigirem sua retirada.

Já o Hamas e a Jihad Islâmica Palestina não reivindicaram o ataque na cidade israelense, mas o celebraram, reconhecendo o ato como “uma resposta natural aos crimes de ocupação”.

Reação europeia

A União Europeia condenou o atentado, que ocorreu em meio à guerra na Faixa de Gaza, prestes a completar dois anos em outubro.

“Condenamos o ataque a Jerusalém, assim como condenamos qualquer perda de vidas. Apelamos para a desescalada [do conflito no enclave] e este episódio demonstra a importância de uma trégua”, disse um porta-voz da Comissão Europeia, antes de concluir:

“Civis de ambos os lados já sofreram demais por muito tempo. Agora precisamos quebrar o ciclo de violência”.

O presidente do Conselho Europeu, António Costa, também condenou “com força máxima” o tiroteio na cidade israelense.

“A violência precisa acabar no Oriente Médio. Condeno veementemente o ataque terrorista de hoje em Jerusalém Oriental. Minhas sinceras condolências às famílias das vítimas e ao povo israelense. Somente uma solução política pode levar a uma paz duradoura em Israel e na Palestina”, escreveu Costa no X.

(*) Com Ansa