Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Entre artistas, intelectuais e políticos, um grupo de israelenses emitiu um abaixo-assinado, nesta quinta-feira (04/01), em repúdio “à desumanização dos habitantes de Gaza, dos palestinos, dos muçulmanos, assim como a desumanização dos israelenses e dos judeus em geral”.

A carta pública, que é uma iniciativa da coligação Acampamento Pró-Humanidade (Pro-Human Camp) e da Anistia Internacional de Israel (Amnesty International Israel), critica a “tendência perturbadora” no Ocidente de “desumanizar os israelenses e, por vezes, os judeus”, e que tal postura serve para “justificar a matança ou a violação de seus direitos”. 

Por outro lado, o documento também denuncia a narrativa israelense sobre a guerra, ao mencionar a “desumanização dos palestinos em geral e dos habitantes de Gaza”, destacando o equívoco em associar, especialmente, todos aqueles que residem em Gaza ao grupo de resistência palestina Hamas.


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“Esta associação é usada por eles [Israel] para racionalizar a matança indiscriminada e a negação de ajuda humanitária”, afirma o texto.

A carta também foi divulgada nas redes sociais e, na publicação, constam os nomes de figuras israelenses de relevância nacional, incluindo o cantor Achinoam Nini, o ator Ala Dakka, o escritor David Grossman e o diretor de cinema Nadav Lapid, entre outras.

Documento critica ‘tendência perturbadora’ do Ocidente na guerra e condena narrativa que associa a população palestina ao Hamas

Twitter/UNRWA

Israel: artistas e intelectuais assinam carta contra ‘desumanização’ de palestinos

Leia a íntegra do abaixo-assinado: 

“Nós, signatários, aceitamos o compromisso de combater a desumanização dos habitantes de Gaza, dos palestinos, dos muçulmanos, assim como a desumanização dos israelenses e dos judeus em geral. Como defensores dos direitos humanos, devemos combater os mecanismos de apartheid e de opressão, mas isso não significa demonizar os cidadãos que estão associados ao lado mais forte, e certamente tal luta não deve tolerar o massacre e as atrocidades cometidas contra civis israelenses e de outras nacionalidades, em 7 de outubro. Ao mesmo tempo, o apoio generalizado entre o público israelense à natureza da retaliação em Gaza – uma retaliação que por si só resultou numa extensão horrível de mortes e sofrimento – juntamente com os apelos de figuras públicas proeminentes (bem como de partes do público israelense) para a limpeza étnica e a transferência de população, são motivos de profunda preocupação.
No Ocidente, surgiu entre alguns jovens uma tendência perturbadora de desumanizar os israelenses e, por vezes, os judeus. Isto serve para racionalizar a matança ou a violação de seus direitos, reduzindo-os a representantes da opressão israelense. Isto é demonstrado na atitude indiferente ou distorcida em relação à questão dos reféns em Gaza dentro destes círculos. Por outro lado, em Israel e em outras bolhas internacionais que apoiam Israel, a desumanização dos palestinos em geral e dos habitantes de Gaza é, em particular, comum, expressa principalmente pela associação de todos os residentes de Gaza ao Hamas. Esta associação é usada por eles para racionalizar a matança indiscriminada e a negação de ajuda humanitária.

Além disso, é preciso de uma distinção crucial entre protestos pró-palestinos e apoio a crimes contra israelenses. O espaço permitido para protestos pró-Palestina não deve ser reduzido, como foi feito recentemente em muitos casos. Ao mesmo tempo, devemos opor-nos a qualquer racionalização de crimes contra civis, independentemente da sua identidade ou localização. Outro ponto é a crescente onda de islamofobia no Ocidente, que retrata os muçulmanos como terroristas, que é ao mesmo tempo repreensível e alarmante.

A desumanização de israelenses e judeus, bem como de palestinos e muçulmanos, é inaceitável. Uma pessoa não é apenas uma representação de uma identidade coletiva, história, eventos ou orientação política. Uma abordagem humanística consistente deve abordar todos estes desenvolvimentos inaceitáveis.”