Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A Arábia Saudita anunciou nesta quarta-feira (20/03) uma doação no valor de US$ 40 milhões (equivalente a cerca de 200 milhões de reais na cotação atual) à Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA). A UNRWA tem sofrido escassez de recursos após diversos países ocidentais terem suspendido o financiamento no momento em que Israel alegou que funcionários do órgão estiveram envolvidos com o Hamas, no ataque de 7 de outubro de 2023.

Conforme um comunicado divulgado pelo Centro de Ajuda e Assistência Humanitária Rei Salman, uma organização humanitária sediada na Arábia Saudita, os repasses serão destinados a apoiar os “esforços de ajuda humanitária” da agência da ONU na Faixa de Gaza, fornecendo “alimentos a mais de 250 mil pessoas e tendas a outras 20 mil famílias”.

“É crucial suprir as necessidades desesperadas da população de Gaza, que está ameaçada pela fome, de acordo com a ONU”, afirmou o diretor do centro saudita, Abdallah al-Rabeeah.

Com 13 mil funcionários ativos, a UNRWA é a principal organização que auxilia a população de Gaza em meio ao desastre humanitário. No momento, mais de 2 milhões de habitantes, dos 2,3 milhões totais, dependem do órgão para sobrevivência, incluindo comida e abrigo.

Twitter/UNRWA
Agência da ONU para refugiados palestinos enfrenta crise em decorrência das acusações israelenses que levaram diversos países a suspender doações ao órgão

Acusação israelense contra funcionários da UNRWA

Na última semana de janeiro, Israel alegou que alguns funcionários da agência da ONU participaram da primeira ofensiva lançada pelo Hamas, em 7 de outubro de 2023.

A reação da UNRWA diante da acusação israelense, junto com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, foi imediata. As autoridades da ONU se mobilizaram e abriram investigações dentro da agência destinada a refugiados. Na ocasião, dos 12 funcionários acusados, nove acabaram sendo demitidos.

No entanto, a denúncia israelense motivou diversos países ocidentais, incluindo os principais doadores, como os Estados Unidos, a decidirem bloquear repasses à UNRWA, o que gerou uma preocupação ainda maior por parte da agência, que já vinha relatando escassez de recursos básicos e apelando por mais auxílio internacional.

Lula reforçou doação à agência

Enquanto mais de uma dúzia de países declararam suspensão de financiamentos, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, prometeu ampliar as doações à UNRWA.

“O Brasil exorta a comunidade internacional a manter e reforçar suas contribuições para o bom funcionamento das suas atividades. Meu governo fará aporte adicional de recursos para a agência”, declarou o mandatário durante a visita à Embaixada da Palestina, em Brasília.

Na ocasião, Lula também classificou a situação fazendo uso do termo “punição coletiva”, da mesma forma como o próprio comissário-geral da UNRWA, Phelippe Lazzarini, se referiu no momento em que diversos países anunciavam a suspensão de ajuda.

“Chegou a hora de pôr fim à catástrofe humanitária que se abateu sobre os mais de dois milhões de palestinos que vivem em Gaza. Quase 30 mil pessoas morreram, a maioria crianças, idosos e mulheres indefesas. Mais de 80% da população foi realocada à força (…). Chega de punição coletiva”, afirmou o petista.

Os números mencionados pelo presidente brasileiro são relativos ao começo de fevereiro. Nesta quarta-feira, o Ministério da Saúde de Gaza revelou que o número de palestinos mortos subiu para 31.923, enquanto mais de 74.966 se encontram feridos em decorrência das operações israelenses em Gaza.