Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Depois que a comunidade internacional passou a protestar contra a fome generalizada na Faixa de Gaza, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “recalibrou sua posição”, conforme descreveu a emissora catari Al Jazeera, ao classificar a situação humanitária no enclave de “terrível” e destacar que Israel tem “grande responsabilidade pelo fluxo de ajudas”. A afirmação foi feita nesta segunda-feira (28/07) ao fim de uma reunião bilateral com o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, na Escócia.

Horas antes, o premiê israelense Benjamin Netanyahu alegou que “não há fome” e “nenhuma política de fome” em Gaza, ignorando relatos e número crescente de mortes registradas por uma desnutrição decorrente do bloqueio promovido pelo regime sionista há meses.

A mídia israelense Arutz Sheva informou que a autoridade de Israel ainda garantiu que “continuará lutando até conseguir a libertação de reféns e a destruição das capacidades militares e governamentais do Hamas”, um argumento utilizado para justificar a continuidade do genocídio, em suas diversas formas, no enclave.

Por sua vez, Trump rebateu Netanyahu e anunciou uma iniciativa para distribuir alimentos em Gaza.

“Podemos salvar muitas pessoas, existe uma fome real, não se pode fingir”, declarou o magnata, ao acrescentar ter visto “imagens de crianças muito esfomeadas”, desmentindo as afirmações de Netanyahu sobre não existir mortes por desnutrição no território palestino. “Temos que alimentar as crianças”, disse.

Trump ainda destacou que um cessar-fogo com o Hamas é “possível”, e que é urgente acabar com o conflito.

“Eu disse a Israel, eu disse a Bibi [Netanyahu] que agora talvez seja preciso fazer de uma maneira diferente”, afirmou o norte-americano. “É uma situação trágica, francamente.”

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, o total de óbitos por fome desde o início do genocídio israelense, em outubro de 2023, subiu para 147, incluindo 88 crianças
X/@UNLazzarini

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, 14 pessoas morreram de desnutrição aguda apenas no último domingo (27/07), elevando o total de óbitos por fome desde o início do genocídio israelense, em outubro de 2023, para 147, incluindo 88 crianças.

De acordo com o subsecretário da ONU para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher, é preciso “fazer chegar grandes quantidades de ajuda em uma escala muito, muito maior do que a que fomos capazes até agora”, ressaltando que os itens distribuídos nos últimos dias — inclusive por via aérea — são “uma gota no oceano”.

Sem fornecer os detalhes, Trump anunciou que os EUA vão organizar “centros de distribuição de alimentos” no território palestino em que civis possam entrar “sem fronteiras”.

“Não vamos ter cercas”, disse ele, acrescentando que o Reino Unido apoiaria tal iniciativa.

Entretanto, desde o fim de maio, o fluxo de ajuda no enclave é controlado pela controversa Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), organização apoiada por Washington e Tel Aviv, e que é acusada por entidades de direitos humanos de atrair civis necessitados para armadilhas mortais. Desde sua criação, mais de mil pessoas foram assassinadas enquanto buscavam ajuda em pontos de distribuição.

(*) Com Ansa