ANP defende repressão na Cisjordânia para tentar se aproximar de Trump, afirma Al Jazeera
Segundo canal do Catar, forças ligadas à Autoridade Nacional Palestina estariam repetindo táticas usadas por Israel em Gaza
A Autoridade Nacional Palestina (ANP) tem defendido ações repressivas contra grupos armados na Cisjordânia, segundo reportagem publicada nesta segunda-feira (30/12) pela Al Jazeera. A matéria afirma que as ações violentas na região se tornaram mais intensas no último mês, chegando a emular algumas táticas usadas pelas forças de Israel em Gaza.
De acordo com o canal do Catar, a postura seria parte de um esforço da ANP para recuperar alguma autoridade na Cisjordânia e mostrar ao presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, que poderia ser um parceiro de segurança útil na região.
A postura, também segundo a reportagem, tem provocado revolta entre os palestinos, sobretudo após o assassinado da jornalista palestina Shatha Sabbagh, de 21 anos, atacada a tiros em Jenin, na noite de sábado (30/12). Sua família diz que as balas foram disparadas por forças ligadas à ANP.
Forças ligadas à ANP tem realizado operações contra grupos armados na Cisjordânia ao menos desde 2021, quando vários homens foram presos no campo de refugiados de Jenin, sob a alegação de se tratarem de criminosos. No entanto, os moradores interpretaram a ação como uma tentativa de suprimir a resistência contra Israel.
Segundo a Al Jazeera, desde que a ANP iniciou a atual onda repressiva no campo de Jenin, no início deste mês, seus agentes vêm imitando diversas táticas usadas por Israel contra os palestinos.
Possível anexação da Cisjordânia
Tal como foi feito pelo exército Israelense no norte de Gaza, os agentes da ANP teriam cercado o acampamento de Jenin com veículos blindados, atiraram indiscriminadamente contra civis, realizaram detenções, cortaram o fornecimento de água e eletricidade, entre vários outros abusos. Um vídeo que circula na internet mostra agentes da ANP colocando um jovem numa lata de lixo e espancando-o.

Agenzia Nova
Forças da ANP em ação na Cisjordânia
Autoridades da ANP alegam que essas ações são necessárias para evitar que Israel use a presença desses combatentes para justificar novos ataque e a expulsão de mais palestinos da Cisjordânia, como faz na Faixa de Gaza.
Especialistas ouvidos la Al Jazeera contesta essa teoria, dizendo que independentemente da resistência armada permanecer na região, ministros ligados ao governo de Israel têm feito diversas declarações indicando que a anexação da Cisjordânia ao território do país já teria sido decidida.
“Israel vai anexar a Cisjordânia, já estamos vendo isso acontecer. Não será uma anexação espetacular, mas um processo lento e paulatino. A ANP está com os dias contados”, diz Tahani Mustafa, analista do Internacional Crisis Group ouvido pela reportagem.
Quanto às táticas repressivas empregadas nas últimas ações da ANP, Mustafa afirma que “os norte-americanos têm treinado as forças de segurança (da ANP) para atuarem como forças especiais na repressão dos grupos armados – não como polícia civil”.
A Autoridade Nacional Palestina foi criada para viabilizar a criação de um estado palestino, depois dos Acordos de Oslo de 1993 e 1995, firmados entre o presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Yasser Arafat, e o então primeiro ministro israelense Yizhak Rabin.
Com informações de Al Jazeera.























