Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Em um novo relatório publicado nesta quinta-feira (18/09), a Anistia Internacional acusa diversas empresas de estarem envolvidas, em diferentes graus, nos crimes cometidos por Israel contra a Faixa de Gaza e a Cisjordânia. A organização faz um apelo a Estados e empresas para que cessem atividades “que contribuam direta ou indiretamente” para o “sistema de apartheid contra os palestinos” sob controle israelense e para o “genocídio em Gaza”.

Em sua ofensiva contra a Faixa de Gaza, Israel conta não apenas com a cumplicidade de alguns países, mas também com o apoio de setores econômicos, afirma a Anistia Internacional no relatório intitulado “A economia política global que permite o genocídio, a ocupação e o apartheid deve ser questionada”.

Entre as empresas destacadas, estão – sem surpresa – grandes fabricantes israelenses de armas. Segundo levantamento feito pela Anistia, a Elbit Systems e a Israel Aerospace Industries fornecem anualmente bilhões de dólares em equipamentos e serviços militares ao exército do país.

O relatório também aponta a responsabilidade de multinacionais estrangeiras no que chama de “genocídio”. É o caso da empresa norte-americana Boeing, apresentada como uma das principais fornecedoras de armamentos aéreos para Israel.

“Estamos falando de bombas equipadas com sistemas de GPS usadas em ataques que resultaram na morte de civis, que não eram alvos militares”, explica Aymeric Elluin, assessor jurídico especializado em Direito Internacional da Anistia Internacional.

Esta lista – não exaustiva – também destaca a empresa chinesa Hikvision, líder mundial em tecnologia de reconhecimento facial, bem como a fabricante norte-americana de software Palantir, que presta serviços às agências militares e de inteligência israelenses.

Entre empresas destacadas pela Anistia Internacional, estão grandes fabricantes israelenses de armas
@idfonline/X

A organização também menciona empresas que, segundo ela, estão direta ou indiretamente envolvidas em violações do direito internacional. Entre elas está a Hyundai, cujo maquinário de construção seria utilizado na demolição de casas palestinas, como parte da política de assentamentos promovida por Israel, especialmente na Cisjordânia.

“É preciso lembrar que colonização, apartheid e genocídio estão relacionados a diferentes tipos de atores econômicos que contribuem para essas violações”, acrescenta Aymeric Elluin.

Empresas civis

Mas a ONG também destaca o papel de outras empresas que não atuam exclusivamente no setor militar, como a fabricante espanhola de equipamentos ferroviários CAF, que fornece materiais e serviços de transporte a Israel para o projeto do VLT de Jerusalém. O sistema conecta assentamentos israelenses ilegais na parte oriental ocupada entre si e com a parte ocidental da cidade.

A Anistia Internacional pede que essas empresas cessem suas atividades, independentemente de contribuírem direta ou indiretamente para o “sistema de apartheid contra os palestinos” sob controle israelense e para o “genocídio em Gaza”.

A ONG alerta que essas empresas poderão, no futuro, ser processadas não apenas civilmente, mas também criminalmente, por seu envolvimento em crimes cometidos por Israel.

O relatório da Anistia Internacional segue o documento publicado por mais de 80 ONGs – entre elas a Oxfam e a Liga dos Direitos Humanos – na segunda-feira, que faz um apelo a Estados e empresas, especialmente europeias, para que interrompam o “comércio com assentamentos ilegais” operados por Israel nos territórios palestinos ocupados.