Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Advogados da África do Sul pediram nesta quinta-feira (16/05) à Corte Internacional de Justiça (CIJ), o Tribunal da ONU, o fim imediato das operações militares de Israel na cidade palestina de Rafah, no sul da Faixa de Gaza. Eles alegam que as atividades seriam “genocidas” e ameaçam  “a sobrevivência dos palestinos”.

“Como as provas mostram exageradamente, a forma com a qual Israel realiza suas operações militares em Rafah, e no resto de Gaza, é genocida. É preciso ordenar que ele pare”, disse Vusimuzi Madonsela, embaixador da África do Sul em Haia, sede da corte.

“A África do Sul esperava, na última vez que compareceu a este tribunal, que este processo genocida fosse interrompido para preservar a Palestina e seu povo.  Em vez disso, o genocídio de Israel continuou e chegou a uma nova fase horrível”, acrescentou o representante sul-africano.

A corte de Haia vai analisar os argumentos contra e a favor da tese de que Israel estaria violando a Convenção de Genocídio da ONU de 1948 até a sexta-feira (17/05).

Após a exposição sul-africana na quinta, no dia seguinte é a vez dos advogados israelenses. O país argumenta que as acusações são “totalmente infundadas, moralmente repugnantes” e que é comprometido com o direito internacional.

Em janeiro a CIJ já havia ordenado que Israel permitisse a entrada de ajuda humanitária em Gaza e evitasse atos de genocídio, ordem não atendida pelo país.

UN Photo/ICJ-CIJ/Wendy van Bree
Delegação sul-africana defende que ofensiva de Israel seriam ameaça a ‘sobrevivência dos palestinos’

Expulsão

Rafah era lar de pouco mais de 200 mil pessoas antes do início do massacre israelense em outubro, mas viu sua população chegar a cerca de 1,5 milhão de pessoas que se refugiaram na cidade, fugidas dos bombardeios em outras partes de Gaza.

A maior parte dessas pessoas refugiadas é de mulheres e crianças, que lotam a cidade fronteiriça com o Egito. Na quarta-feira (15/05), o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, disse que meio milhão dessas pessoas foram retirados de Rafah antes da prometida grande ofensiva terrestre na cidade.

A declaração de Netanyahu ocorreu no dia em que os palestinos lembram a Nakba, “Catástrofe” que a criação do Estado de Israel significou para eles em 1948. Durante a Nakba, cerca de 760 mil palestinos fugiram ou foram expulsos de suas casas.

“76 anos depois da Nakba, os palestinos seguem sendo deslocados à força”, apontou a agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA), que divulgou um balanço superior de pessoas que fugiram de Rafah, de 600 mil.

Muitas dessas pessoas deixaram a Faixa de Gaza, entrando no Egito, país que sofre forte pressão israelense para permitir a entrada em larga escala de palestinos em seu território.

O analista político Mohammed Nadir disse ao Brasil de Fato que “os palestinos sabem que sair de Rafah e cruzar o deserto do Sinai significa o não retorno, é a garantia de que nunca mais verão a Palestina”.

“Curioso que historicamente os judeus fugiram para o deserto do Sinai para escapar da ira do faraó egípcio e, hoje, são os palestinos que veem como alternativa o mesmo deserto para escapar da morte pelas mãos israelenses”, concluiu o pesquisador do Observatório de Política Externa da Universidade Federal do ABC.