Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A história veio à tona a nível mundial neste sábado (15/11), em uma reportagem da Al Jazeera, mas pode estar acontecendo há meses, e teve seu último episódio na última quinta-feira (13/11), quando o governo da África do Sul autorizou a entrada ao país de 153 palestinos, após eles passarem mais de 12 horas retidos em um avião pela polícia.

Na ocasião, o Departamento de Assuntos Internos sul-africano revelou que os passageiros palestinos “não tinham os carimbos de saída em seus passaportes”, razão pela qual os policiais do Aeroporto Internacional OR Tambo, entre as cidades de Joanesburgo e Pretória, impediram o desembarque.

A situação só foi contornada após intervenção do Ministério da Relações Exteriores da África do Sul e de uma organização humanitária que garantiu abrigo a todos os indivíduos.

Ver | EUA propõem dividir Gaza em áreas reconstruídas para Israel e em ruínas aos palestinos

Porém, o grande mistério é como essas pessoas chegaram ao país africano. Segundo a reportagem do canal catari, as autoridades locais confirmaram que todos eles são ex-residentes da Faixa de Gaza, mas as versões sobre como abordaram o voo que os levou a Joanesburgo até o momento são inconclusivas.

Além disso, a Al Jazeera averiguou que casos como o desta quinta-feira foram registrados outras vezes este ano, embora este último tenha sido o que envolveu um maior número de pessoas.

Possível envolvimento de Israel

Entre as dúvidas sobre a forma como os palestinos foram parar na África do Sul está o fato de que nem as autoridades nem os palestinos entrevistados pela reportagem revelaram o nome da entidade que organizou o traslado.

Grupo de 153 palestinos desembarcou na África do Sul na última quinta-feira (13)
Embaixada da Palestina na África do Sul

A matéria da Al Jazeera diz apenas que se trata de “uma organização sem fins lucrativos”, que estaria operando o esquema a partir de Israel, embora tampouco haja uma confirmação de que seria uma organização israelense, ou com algum tipo de vínculo com o governo do premiê Benjamin Netanyahu.

Segundo a ativista palestina Nour Odeh, em entrevista à Al Jazeera, “há uma organização obscura que está em atividade há algum tempo, pelo menos desde maio, quando o primeiro voo foi organizado por ela, pelo que sabemos”.

‘Viagem do sofrimento’

Em outro trecho da reportagem, o imigrante palestino Loay Abu Saif, que fugiu de Gaza com sua esposa e filhos, classificou a jornada que os levou para fora do enclave até a África do Sul como uma “viagem de sofrimento”.

“Não estávamos muito convencidos de que a oferta que nos fizeram seria para uma evacuação segura. Hoje, posso dizer que me sinto seguro, o que significa muito, mas penso nos outros palestinos, especialmente naqueles que estão em Gaza”, acrescentou Saif, refletindo sobre os demais sobreviventes do genocídio.

Declaração do presidente

Após a resolução do incidente desta quinta, o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa declarou aos meios locais que “essas são pessoas de Gaza, que de alguma forma misteriosa foram colocadas em um avião que passou por Nairóbi (capital do Quênia) e veio para cá”.

“Obviamente, precisamos analisar suas origens, onde tudo começou, o motivo pelo qual foram trazidas, pois não tinham nenhuma documentação e parece que estavam sendo expulsas”, acrescentou o mandatário, que também anunciou a abertura de uma investigação para esclarecer o caso.

Por sua parte, o Departamento de Gestão de Fronteiras sul-africano emitiu um comunicado dizendo que “os palestinos têm direito a uma isenção de visto de 90 dias na África do Sul, seus processos ocorreram normalmente e eles deverão cumprir todas as condições de entrada”.

Com informações de Al Jazeera.