Sábado, 6 de dezembro de 2025
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(*) Atualizada às 20h20

O governo de Israel aprovou na noite desta quinta-feira (09/10) o acordo com o grupo palestino Hamas que prevê um cessar-fogo para encerrar o genocídio na Faixa de Gaza. Com a ratificação, é esperado a suspensão dos ataques israelenses contra o enclave dentro de 24 horas e também a troca de reféns e prisioneiros palestinos dentro de 72 horas depois disso.

Mais cedo, o chefe da equipe de negociação do Hamas, Khalil al-Hayya, declarou que o grupo recebeu garantias dos países mediadores, incluindo dos Estados Unidos, de que “a guerra acabou completamente”. A posição, citada pela emissora catari Al Jazeera, aconteceu enquanto o gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, votava pela aprovação implementação do cessar-fogo.

“Agimos com responsabilidade em relação ao plano do [presidente dos EUA, Donald] Trump”, disse ele. “Hoje anunciamos um acordo para acabar com a guerra, [ver Israel] retirar-se da Faixa de Gaza e realizar uma troca de prisioneiros”.

Em seu discurso, al-Hayya confirmou que 250 palestinos que cumprem penas de prisão perpétua em detenções israelenses serão libertados como parte do acordo, juntamente com outros 1.7 mil que foram presos desde o início 7 de outubro de 2023. A libertação, garantiu ele, também contemplará “todas as mulheres e crianças palestinas”.

Horas antes, o porta-voz do governo israelense, Shosh Bedrosian, confirmou em rede nacional que todas as partes envolvidas assinaram, no Egito, a versão final da primeira fase do acordo, esta que prevê a libertação dos palestinos em troca de todos os 48 prisioneiros israelenses mantidos em Gaza.

As negociações indiretas sobre o tratado haviam sido iniciadas na cidade egípcia de Sharm el Sheikh na semana passada, logo após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentar o plano de paz de 20 pontos, na segunda-feira (29/09). Apesar de não terem tido participação na formulação do documento, as tratativas contaram posteriormente com a mediação do Catar e da Turquia.

O prédio do Knesset em Jerusalém, iluminado com as cores da bandeira dos Estados Unidos
Gabinete do Knesset/Reprodução

Divergências na votação em Israel

Assim que terminou a reunião do gabinete de segurança israelense sobre a aprovação do cessar-fogo, iniciou-se em seguida a votação para a implementação do acordo. Alguns membros da coalizão de extrema direita de Netanyahu já haviam se posicionado publicamente contra a proposta, como é o caso de Bezalel Smotrich, ministro das Finanças, que, ao rechaçar o texto, defendeu a erradicação completa do Hamas.

A votação para a ratificação foi adiada por mais de duas horas por divergências na reunião do gabinete, de acordo com a emissora israelense Kan. O veículo informou que o atraso decorreu da insistência do ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, de vetar o acordo justamente por não concordar com a libertação de reféns palestinos, incluindo membros do Hamas.

Segundo o jornal Times of Israel, Ben Gvir enfatizou que seu partido Otzma Yehudit iria votar contra a primeira fase do acordo e ameaçou que se o Hamas não for desmantelado, sua sigla “derrubaria o governo”.

O ministro revelou ter advertido a Netanyahu que não permaneceria em “um governo que permite que o Hamas em Gaza continue”. Caso Ben Gvir e Smotrich saíam do atual governo, Netanyahu perde maioria parlamentar, pois ficará com apenas 47 assentos no Knesset, de um total de 120 assentos.