Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, fez críticas contundentes a Israel em seu discurso nesta quinta-feira (25/09) na 80ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova York. Por ter seu visto negado pelo governo dos Estados Unidos, ele se pronunciou por meio de videoconferência.

Abbas destacou que povo palestino vive “uma guerra de genocídio, destruição, fome e deslocamento” travada pelas forças de ocupação israelenses. “O que Israel está fazendo não é sequer uma agressão, é um crime de guerra e um crime contra a humanidade que será lembrado nos livros de história e nas páginas da consciência internacional como um dos capítulos mais horríveis de tragédia humanitária do século 21”, afirmou.

Ele garantiu que a Autoridade Palestina está pronta para “assumir total responsabilidade pela governança e segurança da região” e afirmou que “a Faixa de Gaza é uma parte integral do Estado da Palestina”.

Abbas condenou o ataque do Hamas em 7 de outubro, salientando que o grupo de resistência não terá nenhum papel no futuro governo, uma exigência de várias nações para o reconhecimento do país. “O Hamas e outras facções terão de entregar suas armas à Autoridade Nacional Palestina, como parte de um processo para construir as instituições de um Estado, uma lei e uma força de segurança legal. Reiteramos: não queremos um Estado armado”, apontou.

O líder palestino também denunciou a expansão ilegal de assentamentos na Cisjordânia ocupada. “Eles queimam casas e campos, arrancam árvores, atacam aldeias e civis palestinos desarmados. Na verdade, eles os matam em plena luz do dia, sob a proteção do exército de ocupação israelense”, relatou. E condenou o “ataque brutal contra o Estado irmão do Qatar”, apontando-o como “uma escalada e uma violação grave e clara do direito internacional, que exige uma intervenção decisiva e procedimentos de contenção”.

Abbas afirma na ONU que genocídio em Gaza é um dos ‘capítulos mais horríveis’ do século 21
Reprodução / Vídeo ONU

Décadas de violações

O líder palestino destacou que as violações de Israel não começaram agora. “Nossas feridas são profundas e nossa calamidade é imensa. Sete milhões de palestinos ainda vivem as tragédias do Nakba e o deslocamento desde 1948”, salientou. “São anos de opressão, da proteção do ocupador e da permissão para que ele ocupe, em vez de proteger o povo que está sob sua responsabilidade”, reiterou.

Ele apontou que “o direito à autodeterminação, à liberdade, à dignidade, à independência e à soberania na terra do Estado palestino ocupado desde 1947, incluindo Jerusalém, é inalienável”.

Abbas também sinalizou disposição para o diálogo. Disse que está pronto para trabalhar com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e com representantes da Arábia Saudita, França e Nações Unidas na implementação do plano de paz debatido na última segunda-feira (22/09) em Nova York. “Houve uma presença internacional forte e posições unidas que expressaram um desejo genuíno para acabar com esse conflito histórico, reconhecendo o Estado da Palestina e finalizando a ocupação, devolvendo esperança tanto a palestinos como a israelenses”, avaliou.

Ele também ponderou já ter presenciado vários esforços internacionais e “mais de mil resoluções nas Nações Unidas aprovadas” sem serem implementadas. Destacou que, contrariamente a Israel, que nunca aderiu à nenhuma dessas iniciativas, a Autoridade Palestina reconheceu o direito do país israelense de existir.

Por fim, Abbas pediu apoio das nações que ainda não se pronunciaram em prol do reconhecimento do Estado palestino e agradeceu a todos os 129 Estados que já o fizeram ou anunciaram sua intenção neste sentido.