Escalada de violência se expande pelo Oriente Médio
EUA ampliam sua participação direta enviando militares a Israel e atacando o Iêmen
Na madrugada desta quinta-feira (17/10), as Forças de Israel (IDF, por sua sigla em inglês) lançaram mísseis contra a cidade portuária de Latakia, na Síria, em mais um das dezenas de ataques aéreos a este país realizados no último ano.
Segundo matéria do diário Washington Post, o ataque faz parte de uma escalada que forma parte de um plano que culminaria com um ação militar contra o território do Irã, em retaliação ao ataque lançado pelas forças da República Islâmica no dia 1º de outurbo.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu teria garantido às autoridades norte-americanas que a resposta de seu país apontará apenas a objetivos militares, e não a instalações petrolíferas ou nucleares, como aventado inicialmente. O ataque estaria previsto para acontecer antes das eleições norte-americanas.
O Irã, por seu lado, se diz preparado para penetrar as defesas de Israel. “Se cometerem qualquer agressão contra qualquer ponto do nosso território, atacaremos dolorosamente o mesmo ponto”, ameaçou o comandante da Guarda Revolucionária iraniana, Hossein Samami, em discurso televisionado por emissoras estatais do país.
Ao mesmo tempo, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, desembarcou no Cairo para discutir a situação regional com autoridades egípcias. Está é a primeira visita de diversas que ele fará pelos países do Oriente Médio.
Segundo o The Guardian, milícias iraquianas estão intensificando seus ataques ao território de Israel. Nos últimos 20 dias, foram cerca de 40 ataques com mísseis, drones ou foguetes.
EUA bombardeiam Iêmen
Os Estados Unidos também intensificaram sua participação direta no conflito, com bombardeiros furtivos de longo alcance contra diversos pontos do território do Iêmen, realizados na madrugada desta quinta-feira (17/10). A operação buscou atingir depósitos subterrâneos de armamentos dos rebeldes houthis.
Solidário aos palestinos, o grupo rebelde do Iêmen vem dificultando o abastecimento de Israel ao disparar mísseis contra navios que passam pelo Mar Vermelho e pelo Golfo de Áden. Em setembro passado, um desses ataques chegou a incluir um míssil lançado contra o território de Israel. No início do mês, os Estados Unidos atingiram 15 alvos dos houthis no Iêmen.
Israel mantém o cerco em Gaza
Em Gaza, um novo ataque nesta quinta-feira a uma escola que abrigava deslocados em Jabalia deixou 19 palestinos mortos e mais de 160 feridos, entre os quais muitas crianças. Israel alegou que a escola servia para guardar armas do Hamas, o que o grupo nega.
Com este, já são 192 os abrigos de deslocados bombardeados pelo exército de Israel em Gaza. Segundo o diretor médico do hospital Al-Shifa, Medhat Abbas, que recebia os afetados desse último ataque, “não há nem água para apagar o fogo, não há nada”.

Foto: IRNA
Ataque israelense às tendas de refugiados palestinos em maio
Israel mantém cerca de 400 mil palestinos sitiados e sob constante ataque, sem permitir a entrada de medicamentos, combustível ou alimentos num bloqueio que já dura 13 dias, situação que viola o ultimato dado pelos Estados Unidos no último domingo (13/10) para que o país deixe entrar ajuda humanitária em Gaza.
Profissionais da saúde de três hospitais da região sitiada (Kamal Adwan, al-Awda e o Hospital Indonésio) informam que alimentos e remédios acabaram. “Não conseguimos oferecer nem uma única refeição aos mais de 300 profissionais médicos que trabalhamos no Hospital Kamal Adwan”, disse à o diretor desse hospital ao canal Al Jazeera.
Médicos se negaram a abandonar pacientes
Os médicos se recusaram a deixar seus pacientes quando Israel deu ordens de evacuação há 12 dias. Agora, pedem à comunidade internacional, à Cruz Vermelha e à Organização Mundial de Saúde que abram um corredor para abastecer o sistema de saúde daquela área.
A defesa civil de Gaza não conseguiu recuperar dezenas de corpos de pessoas que ficaram soterradas sob os escombros de prédios destruídos pelos bombardeios dos últimos dias em Jabalia, cidade que faz parte da área sitiada.
A situação calamitosa levou o governo americano a uma conversa direta com Israel sobre o tema. O secretario de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, telefonou ao ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant para instá-lo a “continuar adotando medidas” para “enfrentar a grave situação humanitária em Gaza”.
União Europeia critica Washington
O telefonema ocorreu um dia depois da divulgação (16/10) de uma carta enviada domingo (13/10) por Washington ao governo de Israel, na qual dizia que se a entrada de ajuda humanitária a Gaza não fosse restabelecida, a ajuda militar norte-americana a Israel poderia ficar prejudicada.
Israel informa que autorizou a entrada de 50 caminhões de ajuda humanitária a Gaza, o que ainda não foi confirmado. Enquanto os Estados Unidos se congratulam pelos esforços israelenses, o chefe de política exterior da União Europeia critica os norte-americanos por terem dado prazo de um mês para que Israel melhorasse a situação humanitária em Gaza.
“No atual ritmo de pessoas assassinadas na região, em um mês morrerão muitas pessoas”, disse Josep Borrell aos jornalistas.
Já o ministro irlandês, Simon Harris, avaliou que a União Europeia não está fazendo o suficiente para por fim à guerra e disse que continuará trabalhando com a Espanha para mudar essa dinâmica entre os 27 países.
Novo ataque às Forças de Paz
No Líbano, o exército de Israel iniciou nesta quinta-feira (17/10) uma séria de bombardeios no Vale de Bekaa, no leste do país, apenas duas horas após o primeiro aviso de evacuação, informaram autoridades locais. Segundo elas, nas últimas três semanas Israel já realizou mais de 680 ataques no Vale de Bekaa.
Segundo o Ministério da Saúde do Líbano, dezenas de milhares de civis abandonaram suas casas no leste do país, fugindo dos ataques aéreos, que já provocaram 260 mortes.
Na quarta-feira (16/10), os intensos bombardeios israelenses em Beirute e no sul do Líbano deixaram ao menos 19 mortos. No mesmo dia, As IDF voltaram a atacar as Forças de Paz da ONU instaladas na região. A Força Interina das Nações Unidas para o Líbano (FINUL) acusa Israel de atirar “deliberadamente” contra suas posições.























