EUA e Israel negociam em Doha acordo para cessar-fogo na Faixa de Gaza
Mas há um ceticismo de que conclusões das conversas possa ocorrer antes das eleições nos EUA
Autoridades dos EUA e de Israel se reúnem esta semana em Doha, no Catar, para tentar retomar as negociações para um cessar-fogo e a libertação dos reféns em Gaza.
Como parte desses esforços, nos últimos dias, uma delegação do Egito se reuniu com líderes do Hamas no Cairo, e autoridades do Catar conversaram com membros do escritório político do grupo palestino em Doha.
O gabinete do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu informou que o diretor da CIA, William Burns, e o chefe do Mossad, agência de inteligência israelense, David Barnea, participariam das conversas em Doha. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, esteve esta semana em Israel, Jordânia e, agora, Catar.
Na quinta-feira (24/10), após reunir-se com o primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, Blinken confirmou aos jornalistas que as negociações deviam ser retomadas esta semana, mas que não estava claro se o Hamas estava preparado para participar. Washington, segundo ele, ainda estava discutindo as opções com os mediadores do Catar e do Egito.
Hamas sem líder máximo
Um dos problemas é que o Hamas ainda não escolheu o sucessor de Yahya Sinwar, que se tornou líder máximo do grupo depois que Israel matou Ismail Haniyeh, em julho. Sinwar foi assassinado dia 16 de outubro.
Osama Hamdan, um dos altos cargos do Hamas, disse à agência Al-Mayadeen que a posição do grupo permanece inalterada: “os reféns mantidos pela resistência só retornarão com o fim da agressão e a retirada completa”.
Catar e Egito atuaram como mediadores entre Israel e o Hamas em negociações que fracassaram em agosto. À despeito disso, o primeiro-ministro catari disse que esperava que as negociações avançassem a partir da proposta discutida naquela ocasião, mas admitiu que “até agora não há clareza sobre qual será o caminho a seguir”.

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Mais de 42 mil pessoas morreram em Gaza em um ano de guerra promovida por Israel
O chefe das Forças Armadas de Israel, tenente-general Herzi Halevi, manifestou-se otimista, avaliando que o fim do conflito com o Hezbollah parece possível agora que Israel matou a maioria de seus comandantes mais experientes.
De fato, há bastante ceticismo de que as negociações possam avançar antes das eleições presidenciais nos EUA, que ocorrem dia 5 de novembro.
Um bom indicador disso foi o fato de Israel ter intensificado seus ataques a Gaza e ao Líbano após o assassinado de Sinwar, quando a maior parte dos líderes mundiais creditava que isso abria caminho para o cessar-fogo.
Ceticismo pelos ataques recentes
Outro indício da disposição de Israel para ampliar a guerra foi o telefonema que Netanyahu fez a Donald Trump pedindo sua opinião sobre a possibilidade de Israel atacar o Irã. “Faça o que tiver que fazer”, foi a resposta, segundo o próprio Trump.
Para tranquilizar os temores do governo norte-americano, Netanyahu se comprometeu inclusive a não bombardear os poços de petróleo para evitar turbulências nesse mercado, especialmente no período eleitoral nos EUA.
Também alimenta o pessimismo a evolução do perfil dos ataques de Israel. Os sionistas parecem apostar, cada vez mais, em esmagar completamente o inimigo, arrasando ao máximo toda a sua infraestrutura.
Na atual guerra, que já dura um ano, Israel matou oficialmente em Gaza ao menos 42.847 pessoas, deixou outras 10 mil soterradas e mais de 100 mil feridas. Também destruiu 80% da infraestrutura de saúde do enclave.
No Líbano, o número de mortos pelo Exército israelense chega a 2.593 (maioria no último mês), os feridos superam os 12 mil e o país ainda tem 1,2 milhão de deslocados. O ataque do Hamas a Israel, que deu início à guerra dia 7 de outubro de 2023, produziu 1.139 mortos e 200 reféns.
“A tempestade que estamos testemunhando atualmente (…) carrega as sementes da destruição total, não apenas para o nosso país, mas para todos os valores humanos”, disse o primeiro-ministro do Líbano, Najib Mikati. Ele destacou que o ônus agora estava com Israel
Em Londres, Blinken se reuniu com o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, que pediu atitudes mais firmes dos EUA para acabar com a “limpeza étnica” que Israel está promovendo.























