Riscos de ofensiva terrestre na Faixa de Gaza colocam Israel em impasse
Israel ameaça invasão terrestre no enclave de Gaza desde 13 de outubro, quando ordenou que mais de um milhão de civis deixasse a região em apenas 24 horas
Os riscos de uma ofensiva terrestre israelense na Faixa de Gaza, que pode ser longa e cheia de armadilhas, são analisados pelos jornais franceses nesta quinta-feira (26/10).
Em seu editorial, o diário conservador Le Figaro diz que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, “mais hesitante do que suas declarações sugerem, não cedeu à impulsividade da vingança – e ninguém pode culpá-lo por isso”. Ele está sob pressão de países muçulmanos indignados com o fato de os bombardeios israelenses já terem “matado mais crianças em Gaza do que na Ucrânia”, cita o texto.
Norte-americanos e europeus querem que Israel dê prioridade aos esforços para libertar os reféns em poder do Hamas e questionam a relevância de seus planos de guerra, assinala o editorial do Le Monde. Por outro lado, o Exército israelense afirma estar de prontidão e aguarda apenas o sinal verde de Netanyahu para avançar.
Na opinião do Le Figaro, Netanyahu está diante de um impasse: “Mesmo que a missão de 'erradicar' o movimento islâmico palestino se mostre militarmente impossível, a opção de negociar com o Hamas é inaceitável nesse estágio”, afirma o editorial.

Israel Defense Forces/Twitter
Soldados israelenses podem enfrentar poderosa rede de túneis do Hamas, na Faixa de Gaza
Os soldados israelenses podem cair numa cilada quando tiverem de enfrentar a poderosa rede de túneis do Hamas, na Faixa de Gaza, onde o movimento estoca suas armas e mantém mais de 200 reféns em cativeiro, aponta o Le Parisien. São mais de 500 km de túneis subterrâneos, em alguns trechos divididos em dois andares, a 70 metros de profundidade.
Generais na reserva entrevistados pelo Le Parisien afirmam que os soldados israelenses enfrentariam “uma guerra longa” e com restrições, já que dinamitar os túneis do Hamas ou enviar gases asfixiantes para matar combatentes do movimento islâmico também seria fatal para os reféns.
O jornal Libération analisa a situação na fronteira de Israel com o Líbano, onde os ataques do movimento xiita libanês Hezbollah, apoiado pelo Irã, têm se multiplicado nos dois lados na divisa.
Na opinião do Libération, o Irã, que também patrocina o Hamas e a Jihad Islâmica, a segunda facção palestina radical, não teria interesse num conflito regional no estágio atual. Moradores dos dois lados da fronteira foram retirados e só têm uma expectativa: que não ocorra uma guerra e que todos possam voltar para casa, mostram as reportagens do Libération.























