Jogadoras refugiadas do Afeganistão têm vistos negados para torneio nos Emirados
FIFA tenta mudar sede da competição para o Marrocos, mas mesmo essa alteração pode ser colocar em risco a participação da equipe
O governo dos Emirados Árabes Unidos negou a concessão de vistos paras as jogadoras de futebol refugiadas do, integrantes de uma seleção feminina que iria participar de uma competição da Federação Internacional de Futebol Associação (FIFA) no país.
A competição chamada FIFA Unites: Série Feminina teve início nesta quinta-feira (23/10) e tem seu encerramento marcado para a próxima quarta-feira (29/10). A equipe que defende o Afeganistão no futebol feminino tinha disputaria o grupo formado também pela seleção anfitriã, além das representações do Chade e da Líbia.
O time afegão é composto por 23 jogadoras que fugiram do país e formaram o Afghan Women United, uma espécie de seleção de refugiadas do país.
Por conta da situação, a FIFA decidiu alterar o local da competição para o Marrocos e remarcou as partidas da equipe para o próximo domingo (26/10). Porém, essa decisão se tornou mais um obstáculo para o time, já que as jogadoras terão que enfrentar mais de 30 horas de viagem, não tendo tempo suficiente para descansar e se adaptar aos jogos.
Vale destacar que todas as refugiadas afegãs vivem em países da Europa, como Itália, Austrália, Reino Unido e Portugal, situação que dificulta a locomoção da equipe.
“Esta mudança ocorreu após imprevistos de última hora que impactaram os preparativos de viagem das equipes participantes. A decisão de transferir a série foi tomada para garantir que todas as equipes possam participar em um ambiente seguro, inclusivo e competitivo, alinhado aos valores do torneio e à estratégia pioneira e abrangente da FIFA para o futebol feminino afegão”, afirmou a FIFA
Em comunicado oficial, o governo dos Emirados Árabes alegou que os vistos das jogadoras não foram negados e que o principal problema foi a falta de documentação adequada, expandindo o tempo de averiguar os documentos corretamente.
A FIFA declarou que reconhece as circunstâncias, e que os fatos estão fora do controle da organização, e que o caso impactou as jogadoras e os membros da comissão técnica. “Como tem sido o caso ao longo deste projeto até agora, o bem-estar de todos os jogadores e membros da comissão técnica é, e continua sendo, a principal prioridade da FIFA”.
“Continuamos trabalhando diariamente junto com as jogadoras para garantir que elas recebam total apoio dentro e fora de campo, por meio de serviços personalizados de proteção e bem-estar que estão sendo oferecidos”, afirmou a entidade.

Seleção feminina do Afeganistão
X/@fifacom_fr
Afegãs querem representar país no futebol
A criação do time decorre da proibição do Talibã aos esportes femininos após a tomada do Afeganistão em 2021, que levou 25 jogadoras a fugirem por medo da perseguição pelos últimos voos militares norte-americanos.
Em uma recente entrevista exclusiva para a CNN Portugal, elas disseram se sentir gratas e emocionadas pela oportunidade, mas revelaram sentir saudades das suas famílias.
Para a goleira Elaha Safdari, participar do campeonato é uma grande oportunidade para as afegãs. Ela confessou que não vê a hora de poder compartilhar com a família os relatos sobre a experiência que está vivendo.
“Obviamente, é um momento incrível para todas nós. Tenho certeza de que os meus pais vão sentir orgulho de mim e provavelmente vão me ver na televisão”, frisou a jovem de 21 anos.























