Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O candidato Luis Arce, do MAS (Movimento ao Socialismo), foi eleito presidente da Bolívia, em primeiro turno, com 55,1% dos votos. O resultado arrasador foi confirmado com a apuração de 100% das urnas. Em segundo lugar, aparece o ex-presidente Carlos Mesa, com 28,83% dos votos – uma diferença de mais de 26 pontos percentuais.

As pesquisas de boca de urna e os resultados preliminares já apontavam a vitória, mesmo que por um resultado ligeiramente menor, de Arce, que foi ministro dos governos de Evo Morales (2006-2019). Mesa e a autoproclamada presidente Jeanine Áñez, que assumiu o cargo após o golpe que derrocou Morales, já haviam reconhecido no começo da semana o triunfo de Arce.

Com o resultado, Arce assume o cargo junto com o vice, o também ex-ministro David Choquehuanca. Segundo o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE), o novo presidente deve ser empossado na primeira quinzena de novembro, junto com os novos membros do poder Legislativo.


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A data traz um simbolismo. A posse deve ocorrer muito próximo das datas em que o golpe de Estado que levou à derrubada de Morales por parte dos militares: o então presidente caiu no dia 10 de novembro, e a então segunda-vice-presidente do Senado, a hoje presidente Áñez, assumiu o cargo no dia 12.

O agora presidente eleito obteve uma vantagem de mais de 26 pontos percentuais em relação ao segundo colocado, Carlos Mesa

Vitória

Ainda na noite da eleição, ocorrida no último domingo, Arce falou em recuperação da democracia. “Recuperamos a democracia e a esperança. Vamos redirecionar nosso processo de mudança sem ódio, defendendo e superando nossos erros”, disse.

“Vamos governar para todos os bolivianos, vamos construir um governo de unidade nacional, vamos construir a unidade em nosso país. Ao longo deste dia, estamos recuperando a certeza”, afirmou.

Para vencer já no primeiro turno, Arce precisava conseguir, no mínimo, 40% dos votos e uma diferença igual ou superior a 10 pontos percentuais em relação ao segundo colocado – ou metade mais um dos votos.

Tendo como candidato a vice o ex-chanceler David Choquehuanca, Lucho Arce (como carinhosamente é chamado pelos bolivianos) começou a campanha eleitoral como favorito na disputa, podendo reverter o golpe de Estado de 2019, que forçou a renúncia de Evo.

A escolha de Arce, um economista de 57 anos de idade, para ser o candidato do MAS nessas eleições se deu por conta de seu reconhecido trabalho à frente do Ministério da Economia, sendo constantemente conectado aos avanços econômicos que a Bolívia alcançou durante os anos de governo Morales.

O novo presidente assumiu o comando da pasta econômica pela primeira vez durante o primeiro mandato de Evo, em 2006, e chefiou a economia boliviana ininterruptamente até 2017. Retornou ao posto em janeiro de 2019 e só deixou o cargo em novembro do mesmo ano, após o golpe de Estado.

Segundo dados do Banco Mundial, 63% da população vivia abaixo da linha da pobreza em 2002. Já em 2018, com Arce comandando a economia boliviana, esse número foi reduzido para 35%. Além disso, números do governo apontam para um crescimento no PIB desde que Morales assumiu, partindo de US$ 9,5 bilhões para US$ 40,8 bilhões.