Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Os republicanos voltaram a espalhar nas redes sociais teorias da conspiração sobre fraude eleitoral para o caso da candidata democrata Kamala Harris vencer as eleições presidenciais dos Estados Unidos, que serão decididas no próximo dia 5 de novembro. É a mesma estratégia usada em 2020.

Ao mesmo tempo, começaram a ocorrer atentados contra as urnas destinadas aos eleitores que votam antecipadamente pelo correio. Na madrugada de segunda-feira (29/10) o alvo de dispositivos incendiários foram urnas de Oregon e Washington, mas a polícia acredita que os dois casos estão relacionados com um terceiro que ocorreu no dia 8 de outubro, em Vancouver, Washington.

No primeiro atentado desta madrugada, o mecanismo supressor de incêndio da urna foi eficaz e nenhum voto foi afetado. Já no segundo, o fogo só foi extinto com a chegada da polícia e estima-se que centenas de votos foram danificados. Mecanismos para extinguir incêndios estão sendo instalados em diversas urnas do país.

Mesmas fake news de 2020

Já as fake news estão se espalhando mais rápido que o fogo nessas eleições norte-americanas e vem sendo mais difíceis de extinguir que os incêndios das urnas.

O jornal New York Times dedicou uma matéria a desmentir essas fake news, que citam, por exemplo, que os estrangeiros estariam votando em massa. A reportagem esclareceu que isso não só é ilegal, mas que não ocorre na medida que foi acusada falsamente ou que quando ocorre é numa proporção insignificante.

Um estudo do Brennan Center for Justice, organização sem fins lucrativos que analisou os 23,5 milhões de votos da eleição de 2016, constatou que apenas 0,0001% possivelmente fosse de não cidadãos norte-americanos. Auditorias de outras instituições concluíram a mesma porcentagem.

É fácil evitar fraudes

Inclusive o secretário de Estado do republicano governo da Georgia, Brad Raffensperger, concluiu em suas audiorias que as tentativas de fraude desse tipo são poucas e fáceis de neutralizar. No seu estado, foram impedidas de votar 1.634 pessoas que haviam se registrado para fazê-lo, mas não puderam comprovar sua cidadania.

Em julho, o New York Times investigou e constatou que era falso um vídeo sobre isso que o think tank conservador Heritage Foundation publicou na internet.

Veja tudo sobre as eleições nos Estados Unidos 

Já em outubro, Trump chegou a alegar que o Departamento de Justiça estava tentando colocar eleitores ilegais “de volta aos registros de votantes” na Virgínia.

Outra falsidade difundida pelos republicanos pelas redes sociais é que os locais de votação estariam sendo abastecidos com canetas que facilitariam a adulteração dos votos. O caso ficou famoso na eleição de 2020 como “Sharpiegate”, em alusão à marca de caneta apontada como fraudulenta.

Reprodução / @realDonaldTrump
Donald Trump durante visita a um McDonald’s no domingo (20/10)

O “segredinho” de Trump e Johnson

Ao mesmo tempo que os republicanos espalham mentiras na internet, o candidato Donald Trump buscou atemorizar os democratas dizendo que tem um “pequeno segredo” com o presidente da Câmara, Mike Johnson, em uma insinuação de que estaria em conluio com ele para impedir a certificação dos resultados pelo Congresso, caso a democrata Harris vença.

“Acho que com o nosso segredinho vamos nos sair muito bem com a Câmara, certo?”, disse Trump, com um sorriso malicioso, dirigindo-se diretamente ao presidente da Câmara no evento de domingo (27/10) no Madison Times Square. “Nosso segredinho terá um grande impacto”, acrescentou.

Muitos democratas interpretaram que a insinuação se referia a tentar desacreditar e anular os resultados das eleições, caso estas deem vitória a Harris.

Afinal, Johnson foi um dos que mais trabalhou com Trump para isso nas eleições de 2020, quando as dúvidas levantadas sobre a lisura do pleito culminaram na invasão do Capitólio pelos apoiadores do bilionários. E, para atiçar os piores pesadelos dos democratas, Johnson confirmou que tinha, de fato, um “segredinho” entre eles e que não iria revelá-lo.

Dan Goldman, democrata de Nova York, não teve dúvidas quanto ao significado da insinuação: que os republicanos teriam um plano B para o caso Trump perca, que seria buscar anular a eleição.