Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A candidata democrata à Presidência dos Estados Unidos, Kamala Harris, “cometeu um erro” durante sua campanha eleitoral ao se posicionar favorável ao governo israelense no contexto da guerra em Gaza e tentar driblar questionamentos da imprensa à respeito de sua proximidade com o primeiro-ministro do regime sionista, Benjamin Netanyahu.

A avaliação foi feita pelo sócio sênior da agência de pesquisas John Zogby Strategies à emissora catari Al Jazeera nesta quarta-feira (30/10), que acrescentou que a narrativa construída pela vice-presidente pode afetar sua corrida à disputa pela Casa Branca contra seu adversário republicano, Donald Trump.

“Ela precisa do apoio de pessoas de cor, ela precisa do apoio de eleitores jovens, especialmente mulheres jovens, e eles dizem que Gaza é uma das principais questões”, disse Zogby. Para o pesquisador, Harris “se recusou” a “exigir, não apenas apoiar, um cessar-fogo imediato” no enclave, podendo prejudicá-la à margem das eleições de 5 de novembro.

X/Kamala Harris
Na reta final de sua campanha eleitoral, Kamala Harris realizou um comício em Washington durante o qual, em nenhum momento, comentou sobre a guerra promovida por Israel, seu aliado, na Faixa de Gaza

Aliança EUA-Israel

Na primeira semana de outubro, o programa 60 Minutes da emissora nacional CBS News divulgou uma entrevista com Kamala Harris, durante a qual foi questionada sobre quais esforços o governo norte-americano estava fazendo para que seu aliado israelense acabe com suas operações militares em Gaza e no Líbano. 

Na ocasião, a candidata democrata apenas disse que seu país tem pressionado Israel para chegar a um acordo de cessar-fogo no enclave, e que esses esforços teriam resultado “em uma série de movimentos de Israel naquela região”. Entretanto, não forneceu detalhes referentes a quais “movimentos” seriam esses.

A CBS também perguntou se os EUA viam Netanyahu como um “aliado real e próximo”, mas Harris evitou a pergunta e a reformulou.

“Com todo o respeito, acho que a melhor pergunta é: temos uma aliança importante entre o povo americano e o povo israelense? E a resposta a essa pergunta é ‘sim'”, respondeu.

De acordo com a Al Jazeera, “a troca destaca a recusa contínua do governo do presidente dos EUA, Joe Biden, em mudar de rumo e reduzir seu firme apoio ao governo de Netanyahu enquanto os militares israelenses bombardeiam a Faixa de Gaza e o Líbano”.

A emissora catari também avaliou que, ao longo de sua campanha presidencial, Harris tentou equilibrar um segmento do eleitorado de seu partido que se opunha à guerra promovida por Israel em Gaza, evitando, ao mesmo tempo, desanimar a parcela de eleitores favoráveis ao genocídio israelense.

A candidata democrata afirmou, em diversas ocasiões, que apoia um cessar-fogo no enclave e que, junto com o presidente Joe Biden, ela tem trabalhado “24 horas por dia, todos os dias” para fechar um acordo com as partes envolvidas no conflito.

No entanto, o governo norte-americano foi duramente criticado ao longo dos últimos meses por ativistas, figuras públicas e manifestantes pró-Palestina do próprio país, que condenaram a Casa Branca por continuar fornecendo armas a Israel para massacrar os palestinos. De acordo com as informações do Ministério da Saúde de Gaza, até esta quarta-feira, os ataques israelenses já provocaram a morte de mais de 43 mil pessoas na região.