Eleição na França: Le Pen, de extrema direita, propõe multa para véu muçulmano
Empatada tecnicamente com Emmanuel Macron na liderança em pesquisas do 1º turno, Le Pen diz querer banir islamismo de 'todas as esferas da sociedade'
A candidata de extrema-direita do partido Reunião Nacional, Marine Le Pen, empatada tecnicamente em pesquisas na primeira posição com Emmanuel Macron, voltou a defender, nesta quinta-feira (07/04), a proibição do véu muçulmano nos espaços públicos. Ela afirmou que, se eleita, vai instituir uma multa para as mulheres que usarem o acessório. “Vamos criar uma contravenção, similar àquela cobrada por não colocar o cinto de segurança”, comparou a candidata, em entrevista à rádio francesa RTL.
A proibição do véu muçulmano é “uma demanda dos franceses”, disse. De acordo com Le Pen, nos últimos vinte anos, o acessório foi usado como um “uniforme e uma demonstração do avanço islâmico.” A candidata, entretanto, descartou a possibilidade de proibir o uso do quipá pelos judeus.
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Marine Le Pen apresentou, em janeiro de 2021, seu projeto de luta contra uma suposta “ideologia islâmica”, que ela considera “totalitária” e que estaria “por toda parte.” A candidata de extrema direita espera, segundo suas próprias palavras, banir o islamismo de “todas as esferas da sociedade”, começando pelo véu muçulmano.
O texto apresentado durante a campanha pelo partido Reunião Nacional proíbe a “prática, a manifestação e a difusão pública” no cinema, na imprensa e nas escolas da “ideologia islâmica.”
O eurodeputado do partido de Le Pen Jean-Paul Garraud, apontado como seu eventual futuro ministro da Justiça, disse que “a proposta não pode ser considerada como um ataque à “liberdade de consciência.” Ao ser questionado sobre a constitucionalidade do texto, ele declarou que seria necessário inserir novos dispositivos legais, antes de “autocensurá-lo por ‘medo’ do Conselho Constitucional”, instituição francesa que assegura o respeito à Constituição do país.

Reprodução/Facebook
Extremista Marine Le Pen diz querer banir islamismo da França
A candidata já postou “selfies” durante sua campanha com mulheres que usavam o véu muçulmano, e foi criticada por Jean Messiha, ex-membro de seu partido. Messiha agora apoia o outro candidato de extrema direita que disputa a eleição, Éric Zemmour, que apresentou um programa ainda mais radical. “O que você teria feito”, questionou Le Pen. “Você teria arrancado o véu dela, a teria maltratado?”, acrescentando que o ex-correligionário deveria entender um pouco melhor “o ser humano.
Radical, mas com fama de “simpática”
O primeiro turno da eleição francesa acontece neste domingo (10/04). O presidente francês, Emmanuel Macron, que tenta sua reeleição, e a candidata da extrema direita estão praticamente empatados. Uma nova pesquisa, publicada nesta quinta-feira pelo instituto Opinionway-Kéa Partners, mostrou que Macron teria 26% dos votos, contra 22% para Marine Le Pen. No segundo turno, o chefe de Estado venceria com 53%.
Marine Le Pen, de 53 anos, perdeu em 2017 no segundo turno para Emmanuel Macron, com 33,9% de votos. No final de março, ela disse que nunca esteve tão perto da vitória. Advogada de formação, ela tem adotado a estratégia de romper com a imagem extremista de seu partido, apesar do programa de governo radical. Seu partido defende, por exemplo, medidas como a chamada “preferência nacional”: o acesso ao emprego, à moradia e às ajudas sociais serão reservadas aos franceses ou estrangeiros que já possuam a nacionalidade.
Mas, diante do candidato Éric Zemmour, a candidata de extrema direita parece moderada aos olhos dos eleitores menos atentos. Suas medidas incluem propostas explicitamente xenófobas. Ele já defendeu na TV, por exemplo, que estrangeiros que obtiveram a cidadania sejam obrigados a batizar seus filhos com nomes franceses.
A candidata de Reunião Nacional tem, dessa forma, aproveitado do radicalismo de seu concorrente para amenizar sua imagem associada ao extremismo de direita, e é até mesmo considerada “simpática” por uma parte da população que não compactua com suas ideias. O objetivo é deixar para trás o acalorado debate tête-à-tête com Macron de 2017, que derrubou suas chances de ser eleita. Na época ela foi criticada por sua “agressividade” e “sua falta de preparo”.























