Política imigratória de Biden gera descontentamento em Republicanos e Democratas
Um juiz federal considerou as limitações ao asilo impostas pela Casa Branca ilegais
Um juiz federal da Califórnia jogou um balde de água fria em uma das principais políticas de imigração apresentadas pelo governo Biden. O magistrado decidiu que restringir o direito a pedidos de asilo é ilegal. A medida foi tomada pelo governo para reduzir o número de travessias na fronteira sul dos Estados Unidos.
Mas que política é esta?
Em maio, após o fim da emergência de saúde pública da covid-19, o governo acabou com o chamado Título 42. Colocado em vigor por Donald Trump, o Título 42 suspendeu os pedidos de asilo feitos na fronteira com o México, com a justificativa de controlar a disseminação do coronavírus.
A Casa Branca, no entanto, tinha uma carta na manga. Em meio a protestos de republicanos, que afirmavam que a suspensão da política levaria a um descontrole de travessias na fronteira, Joe Biden anunciou novas regras para os pedidos de asilo.
Dentre as novas regras, imigrantes passaram a ter que se cadastrar em um aplicativo antes de entrar no país. Apenas com o cadastro os pedidos podem ser feitos. Além disso, migrantes que tenham passado por outros países no trajeto rumo aos EUA passaram a não poder solicitar asilo no país.
Defensores dos direitos dos imigrantes se opuseram fortemente à nova política, afirmando que ela se parecia muito com outra apresentada pelo governo Trump. Na época, o republicano declarou que imigrantes teriam que tentar, antes, asilo em todos os países por onde passassem no caminho rumo aos EUA. Só com as negativas anteriores que o pedido poderia ser feito em território estadunidense.
No meio do caminho tinha uma lei
O juiz Jon Tigar, de Oakland, no entanto, entendeu que em ambos os casos as propostas contrariavam a lei do asilo, aprovada em 1980. De acordo com a lei, toda pessoa tem o direito a solicitar asilo uma vez que esteja presente em território dos EUA, independentemente de como entrou no país.
Tigar, de Oakland, foi nomeado por Barack Obama. Ele chegou a afirmar em uma audiência na semana passada que não conseguia ver diferença entre a proposta de Biden e a proposta de Trump, rechaçada por ele mesmo anos antes.

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Colocado em vigor por Donald Trump, o Título 42 suspendeu os pedidos de asilo feitos na fronteira com o México
A Casa Branca, no entanto, ainda pode recorrer. O próprio juíz suspendeu o efeito da decisão por duas semanas para que o Departamento de Justiça possa tentar reverter o caso em um tribunal superior. Em última instância, o assunto pode chegar à Suprema Corte.
A ação foi movida pela American Civil Liberties Union (ACLU), uma organização defensora dos direitos humanos nos Estados Unidos. A ACLU celebrou a decisão, mas afirmou em nota que “a cada dia que o governo Biden prolonga a luta por essa proibição ilegal, muitas pessoas que fogem da perseguição e buscam um porto seguro para suas famílias são deixadas em grave perigo”.
Ainda assim, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que discorda da decisão e que irá recorrer. Alejandro Mayorkas, o presidente do Departamento de Segurança Interna, chegou a assegurar que a política não será alterada de imediato.
A situação na fronteira
A fronteira com o México está sempre presente nos noticiários. Ainda que muitos estudiosos discordem da caracterização de uma “crise”, as travessias são sempre alardeadas, principalmente por membros do a Partido Republicano que defendem política imigratórias mais restritivas.
Com o fim do Título 42, muitos republicanos previam um verdadeiro apocalipse. O que aconteceu, porém, não foi exatamente isso. Em maio, a patrulha da fronteira interceptou 169 mil imigrantes sem documentos. Em junho, o número caiu para 100 mil. Para o governo, a queda é resultado das restrições na política de asilo, que desencoraja as travessias ilegais.
Mesmo que com números menores, e há pouco mais de um ano da eleição presidencial, a oposição segue insatisfeita com a situação na fronteira. Do lado democrata, a base do governo também não está contente com a política, visto como um copia e cola de Donald Trump. Uma sinuca de bico difícil para Joe Biden.























