Quarta-feira, 10 de dezembro de 2025
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O número de famílias que passam fome quase duplicou no Sudão, depois de seis meses de uma guerra entre generais que mergulhou o país no caos, afirmaram nesta quarta-feira (18/10) a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o UNICEF, o Fundo das Nações Unidas para a Infância. Além disso, os conflitos no Sudão são responsáveis pela maior crise de deslocamento interno do mundo, diz a Organização Internacional para as Imigrações (OIM).

O conflito no Sudão matou mais de 9.000 pessoas, um número de vítimas provavelmente subestimado, e deixou milhões de deslocados e refugiados. Ao mesmo tempo, a guerra agravou a crise sanitária no país, onde mais da metade dos habitantes necessita de ajuda humanitária para sobreviver.

Segundo a OMS e o UNICEF, “o número de famílias que passam fome quase duplicou”. Atualmente, “700 mil crianças sofrem de desnutrição aguda grave e 100 mil crianças necessitam de tratamento para salvar suas vidas, devido à desnutrição aguda acompanhada de complicações médicas”, alertaram as duas agências da ONU, em um comunicado de imprensa.

Pelo menos 10 mil crianças com menos de 5 anos podem morrer até ao final de 2023 devido ao aumento da insegurança alimentar no país

Twitter/Jakob Wernerman

Milhões de crianças estão expostas a diversas doenças, como cólera, dengue, sarampo e malária

Citando uma projeção da Universidade americana Johns Hopkins, o comunicado afirma que “pelo menos 10 mil crianças com menos de 5 anos podem morrer até ao final de 2023 devido ao aumento da insegurança alimentar e às interrupções nos serviços essenciais”.

A guerra eclodiu em 15 de abril entre o exército liderado pelo General Abdel Fattah al-Burhane e as Forças de Apoio Rápido (FSR) do General Mohamed Hamdane Daglo.

Maior crise de deslocados

Com mais de 7,1 milhões de pessoas deslocadas internamente – incluindo 4,5 milhões desde o início do conflito – o Sudão tem agora o maior número de pessoas deslocadas no mundo, afirma o comunicado.

Milhões de crianças estão expostas a diversas doenças, como cólera, dengue, sarampo e malária, enquanto o sistema de saúde é significativamente pressionado por ataques e combates, alertam a OMS e o Unicef.

As instalações de saúde são ocupadas, saqueadas ou destruídas. Cerca de 70% dos hospitais nas regiões afetadas pelos conflitos não estão em condições de funcionar.

O cólera, por exemplo, uma doença altamente contagiosa, já matou 65 pessoas, muitas delas crianças, e causará mais mortes se não for rapidamente controlada, indicam as duas organizações.

Elas apelam à preservação e restauração dos sistemas de saúde e nutrição para evitar um “número elevado e inaceitável de mortes” entre crianças e populações vulneráveis.