Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente do Equador, Lenín Moreno, pediu nesta quarta-feira (09/12), em nome do Estado equatoriano, desculpas públicas aos familiares de Paola Guzmán, adolescente que tirou a própria vida há 18 anos após sofrer abusos sexuais dentro da escola.

Em cerimônia, Moreno reconheceu a falha do Estado de arcar na responsabilidade no caso da estudante e afirmou que os culpados pelas violações dos direitos de Paola “estão livres”. 

“Hoje, com este reconhecimento público, prestamos homenagem à vida de Paola. Seu nome foi restaurado neste momento, mas os culpados estão livres”, disse o presidente Moreno.

O ato acontece após a Corte Interamericana de Direitos Humanos (Corte IDH) emitir, em agosto, uma sentença em que responsabiliza o Estado equatoriano pela violência sexual sofrida por Paola. Entre as determinações da Corte, estava realizar um ato público de reconhecimento de responsabilidade.

A jovem tinha 14 anos quando enfrentava dificuldades em algumas disciplinas escolares e tinha a possibilidade de repetir de ano. Bolívar Espín, de 65 anos, vice-diretor do colégio Dr. Enríque Martínez Serrano, o qual ela frequentava em Guayaquil, ofereceu ajuda à estudante. Porém, Paola passou a sofrer assédio e abuso sexual por Espín durante dois anos.

Lenín Moreno reconheceu a falha do Estado no caso da estudante; Paola Guzmán foi vítima do vice-diretor da escola que frequentou por dois anos

Reprodução

Lenín Moreno, presidente do Equador, e Petita Albarracín, mãe da adolescente Paola Guzmán, em cerimônia nesta quarta-feira (09/12)

Em decorrência da violência que sofria, Paola ficou grávida aos 15 anos e foi induzida pelo abusador a realizar um aborto no serviço médico da escola. O médico do colégio aceitou realizar o procedimento em troca de sexo, fazendo com que Paola novamente fosse violentada. Em 12 de dezembro de 2002, Paola ingeriu fósforo branco, conhecido no país como diabillo, e morreu no dia seguinte. 

A mãe da adolescente, Petita Albarracín, e a irmã de Paola estavam na cerimônia. Albarracín disse que “finalmente” limpou o nome da filha, e que Paola será reconhecida pelo o que é: “uma vítima”.

“Hoje podemos lembrar de Paola uma menina feliz, sorridente, cheia de aspirações. Recebo o pedido de desculpas do Estado equatoriano em nome de mim e de minha filha, embora nada nem ninguém possa me devolver minha Paola”, afirmou. 

Durante o ato, a mãe da estudante recebeu o título de bacharel póstuma de Paola, que, nesta quinta-feira (10/12), completaria 34 anos. Como medida imposta ainda pela Corte Internacional, Moreno decretou 14 de agosto como o Dia Contra a Violência Sexual no Campo Educacional.

Moreno também agradeceu a luta da família de Paola, afirmando que a violência sexual dentro do sistema educativo é “um problema que preocupa”. “Esses atos não podem acontecer. É nossa obrigação que nossos estudantes estejam seguros”, disse.