Sexta-feira, 12 de dezembro de 2025
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Após o governo italiano travar conflitos contra ONGs humanitárias no Mediterrâneo, o ministro do Interior da país, Matteo Piantedosi, afirmou nesta quarta-feira (16/11) que as embarcações de resgate que operam na região não são “inofensivos”.

Os navios humanitários já resgataram cerca de 11 mil pessoas no mar desde o início do ano, aproximadamente 12% dos migrantes forçados desembarcaram na Itália em 2022, que protagonizaram uma queda de braço com o governo de Giorgia Meloni no início de novembro.

Uma delas, a Ocean Viking, da SOS Méditerranée, foi impedida de atracar em solo italiano com 234 náufragos a bordo e forçada a buscar um porto seguro na França, a mil quilômetros de distância.

“Esses navios agem de modo autônomo, comprometendo também a capacidade de fazer operações de salvamento. Então é legítimo considerar o trânsito dessas embarcações como não-inofensivo”, disse Piantedosi, indicado ao cargo pelo líder de extrema direita Matteo Salvini. 

ONG SOS Méditerranée respondeu às falas do governo da Itália, afirmando que deveriam prestar atenção no 'fator de pressão' que levam pessoas a migrarem

Twitter/SOS MEDITERRANEE

Embarcação da SOS Méditerranée foi impedida de atracar em solo italiano com 234 pessoas a bordo

O ministro do Interior ainda afirmou que a presença de navios de ONGs no Mediterrâneo representa um “fator de atração” para migrantes forçados. Além disso, declarou que o sistema de acolhimento italiano abriga atualmente 100 mil pessoas e está “saturado”.

A SOS Méditerranée reagiu às falas de Piantedosi, afirmando que a teoria do “fator de atração” – que culpa as ONGs pelos fluxos migratórios no Mediterrâneo – é uma “velha fake news”.

“Deveriam prestar atenção no ‘fator de pressão’, ou seja, naquilo que acontece nos centros de detenção, onde as pessoas são torturadas”, afirmou a entidade, acrescentando que voltará ao mar em algumas semanas “para salvar vidas”.

Piantedosi deve levar a questão migratória a uma reunião de ministros do Interior do G7 nesta quinta (17/11), na Alemanha. Por sua vez, a comissária da Assuntos Internos da União Europeia, Ylva Johansson, já prometeu “apoiar a Itália nessa situação”.

(*) Com Ansa