Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

O documento final do BRICS, emitido na esteira da 17ª cúpula dos chefes de Estado do bloco, no Rio de Janeiro, “chegou ao ponto do possível” em relação à questão palestina, defendendo a solução de dois Estados — ponto que gerou atrito com o Irã — uma vez que não compete ao bloco ir “além” do que sustenta o direito internacional. A avaliação é da historiadora Beatriz Bíssio, também professora adjunta do Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Para a acadêmica, a declaração dos países membros foi “importante” e “não deixou a desejar”, já que houve uma reafirmação de pontos cruciais como o direito da autodeterminação do Estado da Palestina, além do reconhecimento da ilegalidade da ocupação israelense nos territórios que hoje são palco de operações militares, seguindo os princípios da partilha definida pelas Nações Unidas (ONU), após a Segunda Guerra Mundial. 

“Reafirmar a o direito palestino a ter seu Estado à autodeterminação com Jerusalém Oriental como capital, com respeito a Gaza, com a retirada de Israel dos territórios que ocupa ilegalmente, reconhecendo a colonização ilegal de Israel. Isso foi o possível e foi uma declaração importantíssima”, disse Bíssio, acrescentando a presença de “várias linhas” do documento dedicadas à condenação do regime sionista, incluindo a menção do “uso da fome como uma ferramenta de guerra”.

Chefes de Estado e parceiros do BRICS durante a cúpula realizada no Rio de Janeiro
Joédson Alves/Agência Brasil

Às vésperas da cúpula, veículos brasileiros relataram divergências entre o Irã com seus países parceiros do BRICS. Em um contexto de cessar-fogo, após uma guerra de 12 dias promovida por Tel Aviv com cumplicidade norte-americana, a delegação iraniana rejeitou o texto final do bloco, já que não reconhece Israel como um Estado.

Em meio às tensões geopolíticas atuais, a historiadora apontou que grupos como o BRICS prezam pelo consenso. O consenso, por sua vez, é “instrumento importante de preservação da própria unidade”. Desta forma, avaliou que o bloco se empenhou em apontar para “saídas” sobre os conflitos, em especial, no Oriente Médio.

Houve “evidentemente uma condenação explícita aos ataques sofridos pela República Islâmica do Irã”, pontuou Bíssio, classificando a declaração sobre a agressão israelense contra Teerã como “contundente”.