Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A 89ª edição da Fête de l’Humanité (“Festa da Humanidade”, por sua tradução em português) realizada entre 13, 14 e 15 de setembro na França reuniu mais de 450 mil participantes e contou com uma série de atividades, incluindo debates políticos, além de apresentações musicais e culturais.

O festival teve como objetivo abordar as principais questões enfrentadas em âmbito nacional e global, como a ascensão da extrema direita no país, a luta em prol da libertação da Palestina e a autodeterminação do povo originário kanak, da Nova Caledônia.

A edição trouxe diversas figuras importantes, como a professora e ativista norte-americana Angela Davis; representantes dos territórios ultramarinos franceses, como o parlamentar Kanak Emmanuel Tjibaou; e lideranças da coalizão de esquerda Nova Frente Popular (NFP): Marine Tondelier (ecologistas), Manuel Bompard (insubmisso), Olivier Faure (socialista) e Fabien Roussel (comunista).

O evento ocorreu no contexto das manobras pós-legislativas do presidente francês Emmanuel Macron, o qual desconsiderou a nomeação de Lucie Castets como primeira-ministra, indicada pela NFP, vencedora das eleições realizadas em julho. Consequentemente, o mandatário nomeou o conservador Michel Barnier ao cargo, provocando protestos massivos pelo país e discussões sobre pedidos de impeachment de Macron por parte da oposição.

Líderes de todos os partidos da NFP reafirmaram a resistência da esquerda diante das manobras do presidente.

“Devemos permanecer unidos e fortes para mudar a França e a vida das pessoas. Para seguir em frente, devemos preservar essa união como um bem comum”, disse o secretário nacional do Partido Comunista Francês (PCF), Fabien Roussel. “Vamos recuperar a cor vermelha da bandeira da República Francesa. O vermelho da Revolução Francesa”.

A líder dos ecologistas, Marine Tondelier, garantiu que os partidos lutarão para “preservar essa unidade” e denunciou a “hipocrisia” de Marine Le Pen, do Reunião Nacional de extrema direita, por ter sido “a maior cúmplice” de Macron.

“Obviamente, precisaremos de uma única candidatura em 2027”, disse Tondelier.

O socialista Olivier Faure indicou que pleitearia “até o fim para que possamos cultivar essa unidade” e “novamente vencer em 2027”. 

Já Manuel Bompard, líder do LFI, ressaltou a necessidade de usar “todos os meios” à disposição da coalizão de esquerda, sendo um deles o processo de impeachment contra o mandatário francês.

Instagram/fetedelhumanite/nnoman1
Imagem de retrospectiva do segundo dia do Fête de l’Humanité 2024

Solidariedade à causa palestina

A solidariedade internacional à causa palestina foi um dos destaques do Fête de l’Humanité. Palestrantes de todo o mundo compartilharam suas experiências em prol da Palestina, incluindo profissionais de saúde que se voluntariaram nos territórios ocupados por Israel e ativistas de países ocidentais que se mobilizaram para condenar o genocídio em Gaza.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Palestinos, Nasser Abu Baker, e a embaixadora palestina na França, Hala Abou Hassira, apelaram aos participantes para que continuassem suas campanhas de solidariedade.

“Nunca desistiremos da nossa batalha pelo nosso direito à autodeterminação. Contamos com vocês em um momento em que Israel está atacando a própria existência do nosso povo”, disse Abou Hassira.