Diamante desaparecido na Áustria ressurge um século depois no Canadá
Descendentes do imperador Carlos I esconderam joia após derrota na Primeira Guerra e fugiram da Europa durante período nazista
A família do imperador Carlos I da Aústria revelou nesta quinta-feira (06/11) o paradeiro do Diamante Florentino, uma joia de 137 quilates que se considerava desaparecida, mas que, na verdade, estava escondida no cofre de um banco no Canadá.
A informação tornada pública em uma reportagem do jornal norte- americano New York Times (NYT), na qual se desvendou que a joia nunca esteve perdida, e que foi guardada pela família do soberano quando esta fugiu da Europa em meio à Segunda Guerra Mundial e encontrou refúgio na América do Norte.
Carlos I foi coroado como o último imperador da Áustria em 1916, e renunciou ao poder em 1918, após a derrota do país na Primeira Guerra Mundial. A família imperial foi forçada a fugir e ficou exilada na Suiça, em 1919.
Logo após a renúnica, a Áustria instaurou sua primeira república, tendo como figura central o presidente Karl Renner. Os representantes do regime que surgiu das cinzas do império decretou a “Lei de Habsburg”, que confiscava os bens oficias da família e os bania do país.
Preocupada com a possibilidade de que as joias pessoais da coroa fossem apropriadas pelo novo governo, a imperatriz Zita, esposa de Carlos I, organizou a retirada das joias do Palácio de Schönbrunn, em Viena, e enviou as peças para a Suiça.
Já em 1940, a esposa de Carlos, preocupada com o avanço dos nazistas na Europa, deixou do continente e se mudou para o Canadá com seus oitos filhos. Chegando ao novo país, ela guardou suas joias em um cofre do Banco de Quebec, incluindo o ocultado Diamante Florentino.
Segundo os netos, a imperatriz Zita contou o segredo apenas para seus filhos Robert e Rodolphe, pedindo que, por segurança, a localização do diamante fosse mantida em segredo por 100 anos após a morte de seu marido, em 1922.
O segredo da joia foi repassada dos filhos aos netos, que mantiveram a confidência, recusando-se a responder qualquer pergunta sobre o diamante. “Quanto menos as pessoas soubessem disso, maior a segurança”, disse o Von Habsburg-Lothringen.

Carlos I da Áustria, o príncipe Franz Joseph Otto e a imperatriz Zita
Governo da Áustria
Áustria requisita joias
Após a revelação, Andreas Babler, vice-chanceler e ministro da cultura da Áustria, divulgou um comunicado anunciando que será feita uma “revisão imediata” para determinar se a jóia pertence ao governo austríaco.
“Se ficar comprovado que o Diamante Florentino é propriedade da República da Áustria, teremos que iniciar o processo de devolução. Meu gabinete já está em contato com a Embaixada da Áustria no Canadá”, frisou Babler, que evitou usar a expressão “roubo de joias”.
A família alega que não possui planos para vender a joia e que se recusa a especular o valor bruto. No entanto, assume que deseja exibir a peça em um museu canadense.
“É uma conquista extraordinária ter conseguido preservá-lo por 100 anos de forma totalmente incógnita. É uma homenagem impressionante à determinação da imperatriz Zita”, disse Richard Basset, membro associado do Christ´s College, em Cambridge, que escreveu um livro sobre a família Habsburg.























