Terça-feira, 16 de dezembro de 2025
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) organiza a partir desta segunda-feira (24) em Genebra, na Suíça, a sua principal reunião anual. Na abertura do evento, o diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, criticou a estratégia de distribuição de vacinas anticovid, que se concentra apenas em alguns países, deixando boa parte do planeta sem proteção contra o vírus.

O chefe da OMS denunciou o que chama de “desigualdade escandalosa” no acesso às vacinas. “Não tem uma forma mais diplomática de dizer: um pequeno número de países que fabrica e compra a maioria das vacinas no mundo controla o destino do resto do planeta”, disse Ghebreyesus. Mais de 75% de todos os imunizantes administrados até agora foram aplicados em apenas 10 países.

Mas “o mundo continua em uma situação muito perigosa” e nenhum país está livre enquanto as variantes do vírus continuarem a se propagar, alertou. “Registramos mais casos desde o início deste ano do que em todo o ano de 2020. Se a tendência atual persistir, o número de mortos vai ultrapassar o alcançado no ano passado dentro de três semanas. É muito trágico”, insistiu.

Ghebreyesus lembrou que o programa Covax, dirigido pela OMS e a Aliança das Vacinas (Gavi na sigla em inglês), já distribuiu 72 milhões de doses de imunizantes em 125 países desde fevereiro. No entanto, esses números são suficientes para imunizar apenas 1% da população. Por essa razão, o chefe da OMS pediu que os países doem parte de suas doses ao Covax para que 10% da população do mundo seja imunizada até o mês de setembro e que 30% tenha recebido o fármaco até o final do ano.

“Isso é essencial para colocar um fim nessa doença e nas mortes, garantir a segurança de nossos trabalhadores da saúde e reabrir nossa sociedade e nossas economias”, martelou. Ele lembrou ainda que pelo menos 115 mil profissionais da saúde morreram vítimas da covid-19 desde o início da pandemia.

Mais de 75% de todos os imunizantes contra o coronavírus administrados até agora foram aplicados em apenas 10 países

Reprodução

Tedros Adhanom falou em ‘desigualdade escandalosa’ na distribuição das vacinas pelo mundo

“Um tsunami de sofrimento”

“Nós estamos em guerra contra um vírus”, completou o secretário-geral da ONU, António Guterres. “Precisamos da lógica e da urgência de uma economia de guerra para aumentar a capacidade de nossas armas”, insistiu.

De acordo com os números oficiais, a pandemia – cuja origem ainda é alvo de debate – provocou mais de 3,45 milhões de vítimas fatais em todo o mundo. Mas de acordo com a OMS, o balanço pode ser de “seis a oito milhões” de óbitos diretos e indiretos.

“A pandemia de covid-19 gerou um tsunami de sofrimento. Mais de 3,4 milhões de vidas foram perdidas, quase 500 milhões de empregos foram destruídos e as empresas perderam e bilhões de dólares “, afirmou o secretário-geral da ONU.