OMS considera 'inaceitável' lentidão na vacinação contra covid-19 na Europa
10% da população europeia receberam primeira injeção, sendo que a proporção de europeus que receberam a segunda dose chega a apenas 4%
A Organização Mundial da Saúde (OMS) criticou, nesta quinta-feira (01/04), a “inaceitável” lentidão da vacinação contra a covid-19 na Europa, continente que sofre de uma situação epidêmica “preocupante” há “meses”.
De acordo com o diretor regional da OMS, Hans Kluge, apenas 10% da população europeia receberam uma primeira injeção, sendo que a proporção de europeus que receberam a segunda dose chega a apenas 4%. “A implantação dessas vacinas está ocorrendo de forma lenta e inaceitável”, disse ele em um comunicado.
“Devemos intensificar a fabricação, reduzindo os obstáculos à administração de vacinas e usando toda dose disponível, começando agora “, ele insistiu.
Na zona Europa da OMS – que inclui cerca de 50 países, entre eles a Rússia e vários Estados da Ásia Central –, o número de óbitos por covid-19 passou de 24.000 na semana passada e se aproxima “rapidamente” de 1 milhão desde o início da pandemia, segundo a organização. O número de novos casos semanais chegou a 1,6 milhão, apesar de ter se situado abaixo de 1 milhão há cinco semanas, destaca a OMS.
Se a taxa de infecção caiu em pessoas com mais de 80 anos – um sinal de que a vacinação de idosos está se mostrando eficaz –, ela continua a progredir em todas as outras faixas etárias, pois o lento início das campanhas de vacinação vem deixando a maioria dos jovens vulneráveis à contaminação pelo coronavírus.
“A aceleração da vacinação é fundamental”, defendeu Hans Kluge, especialmente porque as variantes continuam a se espalhar, os hospitais estão sob pressão crescente e feriados religiosos nas próximas semanas (Páscoa, Pessach e início do Ramadã) resultarão em mais viagens.

Alejandra De Lucca V. / Minsal
Na zona Europa da OMS, número de óbitos por covid-19 passou de 24.000 na semana passada
A Europa tem sido mais lenta do que o Reino Unido e o Estados Unidos, não apenas em pedidos de vacinas a laboratórios no ano passado, mas também em procedimentos de autorização desses produtos. E mesmo após a validação por reguladores, a taxa de vacinação manteve-se em grande parte bem atrás do observado entre os britânicos e americanos.
Polêmica com AstraZeneca também desacelerou processo
Além de uma oferta restrita, as tensões em torno de exportações e atrasos na entrega de certos imunizantes, preocupações com a vacina da AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford, também causaram uma desaceleração das campanhas de vacinação.
Vários casos de distúrbios tromboembólicos – muito raros, mas graves – ocorreram em pessoas que receberam recentemente a vacina do laboratório anglo-sueco, o que levou vários países a restringir seu uso em certas populações. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) reafirmou, no entanto, que o benefício de vacina da AstraZeneca permaneceu muito maior que o risco de efeitos adversos.
A EMA anunciou na quarta-feira (31/03) que ainda não havia encontrado nenhuma ligação comprovada entre a vacina de Oxford, agora chamada Vaxzevria, e o aparecimento de coágulos sanguíneos atípicos (trombose) que migram para obstruir os vasos em certos órgãos (embolia).























