Com apenas 2% da população imunizada, África quer fabricar suas próprias vacinas anticovid
'Não se pode contar com imunizantes produzidos fora porque nunca chegam', disse presidente da África do Sul, que vai capacitar continente para a produção
A África do Sul anunciou nesta segunda-feira (21/06) a primeira etapa para capacitar seu continente na produção de vacinas anticovid. A conclusão do projeto ainda não tem data prevista, mas a iniciativa já é vista como uma esperança em uma região do mundo onde apenas 2% da população foi imunizada.
O presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, impulsionador da luta pela suspensão temporária da propriedade intelectual das vacinas, justificou a necessidade de capacitação produtiva regional devido ao fato de que “não se pode contar com as vacinas produzidas fora da África, porque nunca chegam” ao continente. “Elas nunca chegam a tempo e as pessoas continuam morrendo”, disse ele da África do Sul, durante uma coletiva de imprensa da Organização Mundial da Saúde (OMS) dedicada a esse projeto.
Seu país representa mais de 35% do número total de casos de Covid-19 registrados na África e atualmente sofre uma terceira onda massiva de infecções. Como outros países em desenvolvimento, a África do Sul vê as vacinas indo para países ricos ou para os que, como a Índia, as fabricam em larga escala.

Presidente sul-africano se vacinou em 17 de fevereiro; seu país representa mais de 35% do número total de casos de Covid-19 na África
Apenas 2% da população do continente africano tomou pelo menos uma dose, disse o presidente Ramaphosa, enquanto os Estados Unidos e a Europa pretendem ter 70% de sua população totalmente imunizada nos próximos meses.
O anúncio desta segunda-feira deve aliviar esse desequilíbrio no longo prazo. O objetivo é criar um “centro de transferência de tecnologia” para vacinas anticovid de RNA mensageiro, que se mostraram muito eficazes, como as da Pfizer-BioNTech e Moderna, e que parecem mais fáceis de se adaptar às novas variantes em circulação.
O projeto é promovido por um consórcio sul-africano formado pelas empresas de biotecnologia Biovac e Afrigen Biologics and Vaccines, uma rede de universidades e centros africanos de controle de doenças. A OMS já criou um centro desse tipo com o objetivo de estimular a produção mundial de vacinas contra a gripe.























