União Europeia estipula reduzir emissões de gases em 90%, e organizações criticam: ‘insuficiente’
Na esteira da COP30, especialista diz que bloco perde liderança mundial no enfrentamento a problemas ambientais devido aos ‘governos negacionistas’ de alguns países
A União Europeia chegou a um consenso e entregou suas metas de redução de emissão dos gases de efeito estufa em consonância com a abertura da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). Objetivos esses que vão marcar as políticas econômicas e ambientais dos 27 países do bloco nos próximos 15 anos.
No documento com suas propostas sobre o tema, o bloco se comprometeu com uma meta na qual, até 2040, o continente realizaria uma redução de suas emissões de gases do efeito estufa em 90% em relação aos níveis de 1990.
Para Javier Andaluz Prieto, responsável da área de clima e energia do grupo Ecologistas em Ação, esse objetivo não é ambicioso e chega com muito atraso.
“É muito decepcionante que a União Europeia chegue tarde e com um objetivo insuficiente. Para nós, o acordo deveria ter sido uma descarbonização completa até 2040”, disse à Opera Mundi o especialista espanhol.
Quem também não acha positiva essa meta é Sven Harmeling, diretor para a área do clima da filial europeia da plataforma Rede de Ação Climática (CAN, por sua sigla em inglês). Para ele, a meta real é muito mais fraca do que os 90% de redução que sugerem.
“Esse nível de ambição não está à altura da responsabilidade e da capacidade europeia para enfrentar seriamente a crise climática”, disse o ativista em um comunicado.
Uma posição contraposta é a do ministro do Clima e Energia da Dinamarca, Lars Aagaard, que presidiu as últimas negociações do bloco europeu em Bruxelas.
“Esse é um compromisso muito bom e forte, o melhor que poderíamos ter alcançado coletivamente. Estabelecer uma meta climática não é apenas escolher um número, é uma decisão política com consequências de longo alcance para o continente”, declarou o político.

UE apresentou sua proposta de meta para redução de emissões em evento no Pará
Aline Massuca / COP30
A União Europeia divulgou há menos de uma semana sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, por sua sigla em inglês), visando apresentá-la à COP30. As NDCs são documentos elaborados pelos governos de cada país, como parte do Acordo de Paris, que contém suas metas de redução de emissões.
Atualmente, a União Europeia é o quarto maior poluidor do mundo, atrás da China, dos Estados Unidos e da Índia. O bloco dos 27 países é responsável por emitir cerca de 6% das emissões de carbono mundiais.
Perda de liderança e pessimismo
Para Prieto, a União Europeia está perdendo bastante liderança mundial quando o assunto é posicionamento climático.
“No caso deste último objetivo apresentado, fica bem claro o impacto interno que essas guinadas à direita de governos negacionistas, como é o caso da Polônia ou da Hungria, estão tendo dentro do bloco”, lamenta.
Esses dois países, assim como a Eslováquia, votaram contra o acordo de redução de 90% das emissões, enquanto a Bélgica e a Bulgária se abstiveram.
O grupo Ecologistas em Ação vai participar com uma delegação da COP30, em Belém do Pará, e Prieto formará parte desse grupo. Porém, o espanhol não está otimista com relação aos avanços políticos que possam chegar a ser discutidos durante o aguardado evento no Brasil.
“Temos expectativas muito baixas porque acreditamos que muitos acordos não estão consolidados ainda. Queremos seguir pedindo aos governantes mais ambição e denunciar mais uma vez que estamos chegando tarde com relação às mudanças climáticas”, alegou o especialista.























