Petro critica Trump na COP30 e diz que 'mísseis que atingem Gaza agora atingem Caribe'
Na cúpula climática, presidente colombiano defendeu construção de uma economia global e denunciou republicano de agir 'contra a humanidade'
O presidente colombiano Gustavo Petro denunciou o que considerou uma “nova onda de ameaças de invasão” por parte das potências ocidentais durante seu discurso na COP30 na quinta-feira (06/11). Mencionando os casos de Gaza, Venezuela, Cuba, Colômbia, México e Brasil, que tem sido alvo de mísseis lançados sob o pretexto de combater o narcotráfico. “Os mesmos mísseis que atingem crianças em Gaza agora atingem jovens pobres no Caribe colombiano. São execuções extrajudiciais que violam o direito internacional humanitário”.
O líder colombiano acusou os EUA e certos governos europeus de usarem o discurso da migração e a “guerra contra as drogas” com políticas “feitas ao estilo dos nazistas”, com o objetivo de ganhar votos e, ao mesmo tempo, evitar ações climáticas.
Petro também declarou que Donald Trump nega a ciência climática e de ser “contra a humanidade”. “O Sr. Trump está errado. Se os Estados Unidos não avançarem rumo à descarbonização, estarão 100% errados. O fato de ele não ter vindo aqui prova isso: Trump é contra a humanidade”.
Ele ainda enfatizou que a Europa está “cometendo um erro” ao alocar cada vez mais recursos para a indústria militar em vez de financiar a transição energética. “A Europa não pode continuar a ver a Rússia como sua inimiga. Seu verdadeiro inimigo é a morte de seus próprios netos devido ao colapso climático”.
Crise climática
Em sua fala, o líder colombiano chamou de “fracasso coletivo da humanidade” a crise climática. Falando da floresta amazônica, o presidente denunciou que, após quase três décadas de cúpulas internacionais, “a ganância dos lobbies do petróleo, do carvão e do gás se voltou contra a própria vida”.
“Após 29 COPs e milhares de discursos, estamos diante de um fracasso. A ciência o mede em graus de temperatura e nas leis da termodinâmica. A ganância das grandes corporações de energia tem sido imoral e desumana”, afirmou.
??? | Palabras del Presidente @petrogustavo en la apertura de la Plenaria de la COP30 Amazonía:
1️⃣ Ausencia de EE. UU. y negación de la ciencia. El mandatario cuestionó la ausencia de Donald Trump y su postura frente a la crisis climática, advirtiendo que sin descarbonización… pic.twitter.com/ebxycazrNg
— Presidencia Colombia ?? (@infopresidencia) November 6, 2025
Petro alertou que o planeta já ultrapassou o limite de aumento de temperatura de 1,5°C , um limite considerado crítico pela comunidade científica, e advertiu que a humanidade está entrando em uma fase de “colapso climático”.
Segundo ele, o mundo passou de falar sobre mudanças climáticas, depois sobre crise, e agora sobre um “ponto sem retorno” que poderia significar “a morte geral da existência no planeta”. “Não é um apocalipse literário. É um apocalipse real”.
Energia
O chefe de Estado insistiu que a humanidade precisa construir uma economia sem petróleo, gás ou carvão, e que o tempo está se esgotando para alcançar esse objetivo. “O progressismo global precisa entender que não pode ser baseado em combustíveis fósseis. O progressismo baseado em combustíveis fósseis é um falso progressismo. Nossa bandeira deve ser a vida”.
Ele propôs um acordo de investimento global de US$ 500 bilhões para aproveitar o potencial de energia limpa da América Latina e do Caribe, especialmente em energia solar, eólica, geotérmica e hidrelétrica.
“Com US$ 500 bilhões, podemos gerar 1.400 gigawatts de energia limpa anualmente na América Latina e limpar completamente a matriz energética dos Estados Unidos”.
Petro defendeu a criação de uma vasta rede elétrica latino-americana, que se estenderia da Patagônia ao Alasca, interligada com a África, o mundo árabe, a China e a Europa. “Podemos limpar a matriz energética de todas as Américas, incluindo a dos Estados Unidos, sem precisar que Trump o faça!”.
Soberania latina
O presidente colombiano anunciou que no domingo (09/11) realizará uma reunião em Santa Marta, na Colômbia, com líderes latino-americanos e europeus para propor uma aliança global pela vida.
Em outro momento, destacou a interdependência ecológica dos Andes, da Amazônia e do Atlântico, reiterando seu compromisso com o reflorestamento de áreas anteriormente utilizadas para o cultivo de coca, transformando-as em floresta tropical.
“Esta floresta tropical é o terceiro pilar climático do planeta, uma catedral da biodiversidade global. Se as encostas dos Andes secarem, a Amazônia morrerá e, com ela, a humanidade”.
Para finalizar seu discurso, Gustavo Petro reiterou que a América Latina não precisa da “permissão” do Norte para salvar vidas, mas sim de alianças humanitárias e de apoio mútuo. “Não precisamos do Norte, precisamos de humanidade. Não precisamos de Trump, precisamos de acordos entre povos e civilizações”.























