Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente dos EUA, Donald Trump, declarou no domingo (16/11) que “poderia haver discussões” com o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, enquanto seu país realiza o maior destacamento militar em décadas no Mar do Caribe, sob a chamada Operação Lança do Sul. Embora aleguem que o foco é o combate ao narcotráfico, sua retórica revela tentativas de reviver a Doutrina Monroe e trai a visão que têm da região como seu quintal.

“Poderíamos conversar com Maduro e veremos como isso se desenrola. Eles gostariam de conversar”, disse Trump a repórteres no Aeroporto Internacional de Palm Beach, na Flórida. O presidente insistiu que são as autoridades venezuelanas que querem abrir um canal diplomático, embora tenha admitido não saber “o que isso implica”.

Trump, que não especificou datas, mecanismos ou quais autoridades participariam de uma possível troca de informações, simplesmente afirmou: “Falarei com qualquer pessoa, veremos o que acontece”, uma frase que reflete a ambivalência que tem caracterizado seu discurso sobre a Venezuela nos últimos meses. Contudo, suas ameaças diretas contra Maduro têm sido reveladoras, chegando ao ponto de acusá-lo, sem provas, de comandar cartéis de drogas em seu país.

Trump fez sua sugestão no mesmo dia em que o porta-aviões USS Gerald R. Ford, o mais avançado, caro e tecnologicamente sofisticado da frota dos EUA, composto por destróieres de mísseis guiados remotamente, fragatas de apoio e esquadrões de aeronaves de quinta geração, chegou às águas do Mar do Caribe.

Em relação à possibilidade de o presidente buscar a aprovação do Congresso para ataques a embarcações de narcotráfico e potenciais ataques à Venezuela, Trump disse que se opor a tais operações militares “não seria bom” e afirmou que não precisa da permissão do órgão: “A única coisa que eu não quero é que eles vazem informações confidenciais que possam colocar em risco nossas forças armadas ou a CIA”, disse ele.

De Caracas, o Ministério das Relações Exteriores alertou que os Estados Unidos estão avançando com sua estratégia premeditada de invadir a nação bolivariana sob o falso pretexto de combater o narcotráfico

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Official White House Photo by Abe McNatt

Nesse contexto, Rubio afirmou que Washington designará o inexistente “Cartel de Los Soles” como uma organização terrorista, um rótulo legal que permitiria ao governo dos EUA implantar operações militares ofensivas sem autorização do Congresso, com base na Lei das Forças Armadas, na Lei Patriota e nos poderes ampliados do Executivo em matéria de “combate ao terrorismo”.

Rubio afirmou que esse “cartel” era “liderado por Nicolás Maduro”, apesar de nenhuma agência internacional, relatório da ONU ou relatório técnico independente reconhecer a existência de uma organização criminosa com esse nome. Enquanto isso, a ONU reconheceu que os recentes ataques a embarcações não identificadas no Caribe foram execuções extrajudiciais e constituem violações do direito internacional.

Esta declaração constitui mais uma tática na sua estratégia para justificar a retórica beligerante contra a Venezuela e os ataques militares que minam a soberania do bolivarianismo e de toda a região.

A própria DEA admitiu em relatórios confidenciais que essa é uma construção narrativa usada para apoiar ações secretas e pressões geopolíticas, bem como para justificar uma intervenção militar na República Bolivariana.