Apesar de risco, gigantes da tecnologia ampliam gastos bilionários com IA
Google, Meta, Microsoft e Amazon falam em 'aumento de demanda' e devem injetar novas dezenas de bilhões de dólares em inteligência artificial até final do ano
Quatro das maiores empresas de tecnologia – Google, Meta, Microsoft e Amazon – relataram nesta semana aumentos significativos em seus gastos com inteligência artificial. De acordo com uma reportagem publicada pelo jornal norte-americano The New York Times nesta sexta-feira (31/10), os custos crescentes acendem um alerta dado que se trata de uma ferramenta que, além de cara, não está totalmente desenvolvida.
O Banco da Inglaterra advertiu que, no futuro, os investimentos em IA podem depender cada vez mais de dívida, e não apenas do caixa das empresas. “Se a IA decepcionar – ou os sistemas exigirem muito menos computação – pode haver um risco crescente”, escreveu o banco, classificando o comportamento tomado pelas gigantes como “altamente incerto”.
As preocupações aumentaram após as empresas divulgarem seus relatórios nesta semana. Na quarta-feira (29/10), o Google elevou sua previsão de gastos com capital para 2025 em US$ 6 bilhões, depois de investir quase US$ 64 bilhões nos últimos nove meses. Os gastos para este ano atingiriam, no total, US$ 91 bilhões, ante US$ 85 bilhões previstos anteriormente A empresa processa atualmente 20 vezes mais dados por meio de seus produtos de IA em comparação com o ano passado, segundo Sundar Pichai, CEO da companhia.
A Microsoft revelou que gastou US$ 35 bilhões em capital no último trimestre, valor US$ 5 bilhões acima da projeção anterior. A mesma também afirmou que a demanda por capacidade segue aumentando, e que portanto deve elevar a sua previsão de gastos em pelo menos US$ 70 bilhões até o final do ano, o que seria quase o dobro do que gastou em 2024.
Já na quinta-feira (30/10), a Amazon informou que manterá uma postura “muito agressiva” na expansão de data centers, com previsão de gastar US$ 125 bilhões em despesas de capital este ano, e ainda mais no próximo.
A Meta revisou sua previsão de gastos com capital para o ano para pelo menos US$ 70 bilhões, valor superior aos US$ 66 bilhões anteriores. Mark Zuckerberg, CEO da empresa, explicou que os investimentos visam tanto aplicações imediatas em seus produtos quanto o desenvolvimento de sistemas de IA avançada.
Os três primeiros, que são os maiores fornecedores de computação em nuvem nos Estados Unidos, disseram que não tinham poder de computação suficiente para atender à demanda dos clientes, apesar de juntos terem desembolsado US$ 112 bilhões apenas nos últimos três meses. Já nos últimos 12 meses, segundo o NYT, os quatro juntos gastaram um total de US$ 360 bilhões em despesas de capital.
“Achei que íamos recuperar o atraso”, disse Amy Hood, chefe financeira da Microsoft. “A demanda está aumentando. Não está aumentando em apenas um lugar. Está aumentando em muitos lugares”.

Empresas de tecnologia aumentam gastos para inteligência artificial
Wikimedia Commons/Jernej Furman
Por sua vez, o presidente do Federal Reserve, Jerome H. Powell, tentou amenizar as preocupações, dissociando o momento atual com a bolha das pontocom dos anos 1990. “Naquela época, havia uma bolha clara quando os negócios que impulsionavam o mercado eram ideias e não empresas”, disse, acrescentando que as empresas atuais “têm ganhos, modelos de negócios e lucro”, tornando a situação “realmente uma coisa diferente”.
Segundo Powell, as maiores empresas por trás da transformação são altamente valorizadas e financiam em grande parte suas expansões a partir de seus próprios negócios, em vez de empréstimos soltos. “Não vou entrar em nomes específicos, mas eles têm ganhos, e parece que eles têm modelos de negócios e lucro e esse tipo de coisa, então é realmente uma coisa diferente”, afirmou.
De acordo com NYT, “para o quarteto endinheirado que anunciou lucros esta semana, gastar centenas de bilhões de dólares em novos data centers não é uma preocupação – não quando eles produziram um lucro operacional combinado de US $ 109 bilhões, que exclui impostos e investimentos, apenas no último trimestre”.























