Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Como professor, via com espanto a escalada de ‘intelectuais’ como Olavo de Carvalho, Rodrigo Constantino e Leandro Narloch. Para quem é letrado em ciência, não passam de caricatura. Contudo, a vitória do governo Bolsonaro tornou claro a força dessas ideias abertamente negacionistas e reacionárias. Mais do que nunca, é imperativo conhecer e combater tais narrativas em diversos campos. E isso inclui os tais ‘anarcocapitalistas’, uma contradição em termos. 

Nesse sentido, o romance de estreia do jornalista Fausto Oliveira, O Ancap (Flyve Cult, 124 páginas, R$ 39,90), é uma leitura primordial. Mais do que nunca há uma propagação do ultraliberalismo no Brasil, vendendo ilusões de empreendedorismo MEI e/ou o enriquecimento fácil via mercado financeiro. Esta obra ficcional (ma non tropo) trata de dois jovens estudantes de Economia que rompem sua amizade porque um deles adere ao anarcocapitalismo e se torna um youtuber influente e abastado, enquanto o outro se forma e abre um empreendimento industrial igualmente bem-sucedido. Mas o primeiro se envolve em um lobby empresarial para tomar de assalto o sistema público de saúde. 

O Ancap é um livro provocador. Trata da deterioração da solidariedade social e da escalda do individualismo radical. Ao mesmo tempo, se presta a discutir o papel da ciência, da internet, das perspectivas teóricas e, sobretudo, dos caminhos que podemos tomar como sociedade. De leitura fácil e tema candente, Fausto nos convida e enfrentar as reflexões necessárias para que o Brasil retome um projeto de desenvolvimento e de inserção internacional compatível com sua estatura. Afinal, apesar dos dessabores após a crise global de 2008 e de o próprio governo Biden ter abandonado a agenda liberalizante, o atual governo insiste no desmonte dos pilares do Brasil moderno surgidos com a Era Vargas.

Livro trata da deterioração da solidariedade social e da escalda do individualismo radical; ao mesmo tempo, se presta a discutir os caminhos que podemos tomar como sociedade