Sábado, 13 de dezembro de 2025
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O fundador de Opera Mundi, Breno Altman, conversa nesta quinta-feira (16/02) com o jornalista e escritor Lucas Figueiredo. No programa 20 MINUTOS, Figueiredo responde porque o golpismo sobrevive nos quartéis. 

Como um dos principais pesquisadores dos arquivos da ditadura militar e da cultura política que ainda domina os quartéis, o jornalista aponta que durante a transição da ditadura para a redemocratização em 1985, não houve nenhuma revisão por parte dos militares de seus papéis exercidos durante o regime. 

“Com o fim da ditadura em 1985,  os militares assumiram que perderam e que não havia mais condições de continuar com o regime militar por questões econômicas e politicas. Mas eles não foram obrigados a rever seus papéis, houve um pacto de “boa vizinhança” para não haver nenhum revanchismo ou revisão dos graves crimes contra os direitos humanos que ocorrem durante a ditadura”, completou. 

Questionado por Altman sobre uma possível mudança de doutrina que passou a comandar os quartéis depois de 1985, Figueiredo afirma que o comunismo como inimigo interno continua sendo fundamento das Forças Armadas: “dentro das academias e escolas, a doutrina não mudou e continuou sendo ditada pelos militares. A figura do inimigo interno nunca deixou de existir”.

Jornalista e escritor tratam sobre construção e preservação da doutrina que conduz militares brasileiros a se considerarem o principal bastião da república; veja vídeo na íntegra

Reprodução

Jornalista e escritor Lucas Figueiredo é convidado de Breno Altman no 20 MINUTOS desta quinta-feira (16/02)

“A criação do Ministério da Defesa, em 1999, é um avanço institucional muito grande, mas os ministros sempre foram de apenas recados ou figuras alinhadas com as Forças Armadas. Não houve outro passo institucional no sentido de reformular o poder militar”, completa o pesquisador ao argumentar sobre a falta de revisão do papel militar após a ditadura. 

Por fim, Figueiredo declara que tanto Jair Bolsonaro trouxe as Forças Armadas de volta à política, quando os próprios militares utilizaram das vias institucionais de um presidente eleito para voltar ao controle do Estado. E completa: “depois do 8 de janeiro, Lula tinha todas as credenciais para mexer nas Forças Armadas. Os militares não teriam força para uma reação ortodoxa”.