Sábado, 6 de dezembro de 2025
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No programa 20 MINUTOS desta quinta-feira (11/07) o diplomata e político Rubens Ricupero criticou fortemente o governo de Israel pelo massacre que vem cometendo contra os palestinos residentes na Faixa de Gaza, em sua ofensiva militar iniciada há mais de nove meses, e que já provocou 38 mil mortes oficiais.

Durante a entrevista, o ex-embaixador do Brasil na Itália fez críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva por suas declarações em relação aos conflitos na Ucrânia e em Gaza, mas questionou de forma contundente as ações de Tel Aviv.

Perguntado sobre a proporcionalidade das ações de Israel no território palestino, Ricupero afirmou que “a reação de Israel já ultrapassou todos os limites do que poderia ser considerado razoável, é absolutamente excessiva e contrária aos princípios da Carta das Nações Unidas, a qual estipula que a legítima defesa deve ser exercida de uma forma adequada à ofensa, não deve ser desproporcional”.

Campanha Free Palestine

Na conversa com o apresentador Haroldo Ceravolo Sereza, diretor de redação de Opera Mundi, citou um artigo da revista científica The Lancet, no qual se estima que o total de mortes em Gaza pode ser muito maior que as pouco mais de 38 mil vítimas oficiais dos bombardeios, e que o número poderia ser de até 180 mil, considerando as mortes indiretas, causadas pela falta de acesso a água, alimentação e itens de primeira necessidade.

“A reação de Israel tem sido acima da proporção, e creio que isso ocorre, sobretudo, porque o governo de Israel é um governo extremista, que não reconhece nem a posição do próprio exército israelense, que várias vezes tentou deter essa ofensiva, e não conseguiu”, completou o diplomata.

Ricupero também demonstrou preocupação pelo ímpeto destruidor demonstrado pelo governo israelense, liderado pelo premiê Benjamin Netanyahu, e que, segundo ele “nenhum país consegue controlar”.

Nem os Estados Unidos, seu maior aliado, que entrega mais apoio político e militar, conseguem (controlar Israel). É claro que se os Estados Unidos resolvessem deixar de fornecer armas, Israel não poderia continuar (a ofensiva a Gaza), e isso está começando a acontecer, os Estados Unidos já estão começando a reduzir o fluxo de armamento (a Israel). Mas a verdade é que, por enquanto, nenhum país consegue controlar Israel”, comentou.

Em outro ponto, o ex-ministro da Fazenda e do Meio Ambiente durante o governo de Itamar Franco (1992-1995) disse que “por mais que se possa denunciar, como se denuncia (os crimes de Israel), e pode ser até que as próprias Nações Unidas cheguem a admitir que se trata um genocídio, mas isso não vai impedir Israel de continuar com os ataques”.

Sobre a conceitualização da ação cometida pelas forças israelenses, Ricupero considerou que “é preciso haver condições muito especiais (para determinar que se trata de um genocídio). Eu acho que ainda não se chegou a esse ponto, mas pode ser que isso aconteça no futuro, porque continua a haver um crescendo (da ofensiva em Gaza)”.

Arquivo pessoal
Rubens Ricupero considera que a reação de Israel com relação aos acontecimentos do dia 7 de outubro de 2023 foi desproporcinal

Ao finalizar sua resposta, o político afirmou que “infelizmente, o governo extremista de Israel que tem mais força do que aqueles que pretender controlar a situação e ainda não conseguiram”.

Durante a entrevista, Rubens Ricupero tratou de temas da atualidade política brasileira e também falou sobre seu recém lançado livro “Rubens Ricupero – Memórias”, no qual recorda sua atuação no Itamaraty e sua colaboração com o governo de Itamar Franco, quando foi um dos protagonistas da implementação do Plano Real – que completa 30 anos neste 2024.

A obra recorda passagens importantes da vida política de Ricupero, chegando inclusive a explicar a famosa declaração dada em uma entrevista à Globo, em 1994, em meio ao chamado “Escândalo da Parabólica”, quando uma fala, captada antes de uma entrevista, resultou em sua demissão do cargo de ministro da Fazenda menos de dois meses depois da implementação do Plano Real.