Domingo, 7 de dezembro de 2025
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Jornalista e fundador de Opera Mundi, Breno Altman analisou, no 20 MINUTOS desta terça-feira (17/05), o documento “Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil”, aprovado pelo Partido dos Trabalhadores em setembro de 2020. 

Com 215 páginas, trata-se do programa petista para retirar o país do pântano no qual mergulhou depois do golpe de 2016 e do governo Bolsonaro. Além de diagnosticar a situação nacional e propor uma série de reformas estruturais para superar o modelo neoliberal, o texto aponta qual o caminho político para essas medidas poderem ser implementadas. 

Diz o trecho principal: “Para que as reformas necessárias ao desenvolvimento soberano ocorram – como a reforma agrária, da mídia, jurídica, tributária e, inclusive, militar – é necessária uma profunda reforma política do Estado que mude radicalmente as atuais instituições. O PT é imprescindível para derrotar o golpismo e convocar uma Assembleia Constituinte Soberana, o meio democrático de promover aquelas reformas, com a legitimidade de um novo governo e Lula inocente”.

Elaborado antes que o ex-presidente recuperasse seus direitos político-eleitorais, o que viria a ocorrer em março de 2021, esse programa claramente apresenta uma alternativa à restauração da VI República, estabelecida pela Constituição de 1988, contra a qual votou a bancada petista, apesar de tê-la assinado. 

“O PT propõe um caminho oposto ao da restauração, o de uma Constituinte que refunde o Estado, dando origem à VII República, que viesse a superar a ‘democracia restrita’ criada há quase 35 anos, na expressão do professor Florestan Fernandes”, afirmou Altman.  

Jornalista defende programa do PT, aprovado em 2020, que propõe abertura de processo constituinte como tarefa de novo governo progressista; veja vídeo na íntegra

Arquivo/Senado Federal

Encerramento das votações da nova carta constitucional junto da Assembleia Nacional Constituinte em 1988

Como não há previsão, na atual Constituição, para a abertura de um novo processo constituinte, a proposta de diversas lideranças é apresentar, no parlamento, com o apoio do governo federal e de ampla mobilização social, um Projeto de Decreto Legislativo convocando referendo nacional no qual o povo aprove ou não um projeto para a convocação de uma nova Assembleia Nacional Constituinte – livre, democrática, exclusiva e soberana. A nova Constituição seria aprovada através de uma nova consulta pela qual a população poderia acatá-la ou rechaçá-la, novamente votando sim ou não.

“Se a esquerda não se dedicar à democratização radical da institucionalidade, aproveitando o fato de controlar o governo nacional, mais cedo ou mais tarde, através das velhas instituições, a burguesia dá o bote, recorrendo ao poder judiciário, às forças armadas, ao legislativo ou a tudo isso junto e misturado”, disse o jornalista.  “Por isso, ao que tudo indica, o PT aprovou um programa que fala em nova Assembleia Constituinte, permitindo que a soberania popular e a organização das massas se expandam o suficiente para bloquear a inevitável contrarrevolução burguesa, sempre presente em nossa história quando são eleitos governos que se propõem a enfrentar a super-exploração do trabalho e a dependência imperialista”, concluiu.