Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Os Estados Unidos intensificaram sua presença militar no sul do Mar do Caribe, lançando uma operação que em escala e grau de prontidão supera todas as atividades registradas desde 2019. Para o fundador de Opera Mundi, Breno Altman, o envio das tropas para a Venezuela causaria riscos estratégicos evidentes ao Brasil.

“Um conflito militar na fronteira norte afetaria diretamente a segurança da Amazônia, criaria fluxos massivos de refugiados, o sistema de saúde dos estados fronteiriços ficariam precários, interromperia a integração energética e abriria espaço para a instalação de bases militares norte-americanas no entorno da região amazônica. E, o principal, reduziria drasticamente a autonomia da diplomacia brasileira, empurrando o país para uma posição subordinada dentro do tabuleiro geopolítico continental”, disse o jornalista no programa 20 MINUTOS ANÁLISE.

Reveja análise de Breno Altman:

Altman afirmou que, além da dimensão humanitária, também teria impactos diretos sobre a infraestrutura e a economia brasileiras. “O comércio bilateral entre Brasil e Venezuela, que em 2024 superou 1,7 bilhão de dólares, representa uma importante ligação econômica para a região norte do Brasil”.

Outro ponto é que Brasília perderia perderia acesso às importações de combustíveis, fertilizantes e energia elétrica provenientes de Caracas se um bloqueio naval norte-americano for implementado, mesmo que de forma parcial.

Até agora, sequer o Itamaraty se pronunciou sobre o deslocamento das tropas norte-americanas para o sul do Mar do Caribe. Por isso que não faz sentido manter esse distanciamento que o governo Lula provocou em relação à Venezuela desde o ano passado, quando não reconheceu a vitória de Nicolás Maduro e depois quando vetou o ingresso da Venezuela no BRICS. Essa é a hora, como já sugeriu o presidente Gustavo Petro, das nações sul-americanas se darem as mãos, deixando para trás as desavenças e construindo um bloco coeso, um bloco unido para rechaçar a estratégia do imperialismo norte-americano contra o nosso continente”, disse.

Está prevista para o dia 20 de agosto a chegada de três navios equipados com o sistema de combate ages, que não foram projetados para missões de patrulhamento ou dissuasão de baixa intensidade. Os destróieres transportam entre 90 e 96 mísseis, o que garante a capacidade ofensiva contra alvos terrestres e navais de longas distâncias.

O presidente Gustavo Petro, da Colômbia, declarou que qualquer intervenção militar contra a Venezuela representaria uma ameaça à paz regional e poderia desencadear um processo de desestabilização em todo o continente.

“Petro também defendeu que os países latino-americanos criassem mecanismos autônomos de solução de controvérsias e rejeitou a lógica de mudança de regime conduzida pelos Estados Unidos. Trata-se de uma postura significativa, especialmente porque a Colômbia durante décadas atuou como principal aliado dos Estados Unidos na região e esteve diretamente envolvida nas pressões exercidas contra o governo venezuelano”, pontuou Altman.

Apesar do discurso oficial do Departamento de Estado, que apresenta a operação como parte do combate ao narcoterrorismo, o jornalista relembra que o eixo escolhido coincide com a principal rota de exportação de petróleo da Venezuela. Essa rota conecta os terminais de Porto La Cruz e Amuai a portos do Atlântico, abastecendo navios destinados à Ásia, além de ser a área que realizam exercícios anuais.

“A coincidência geográfica não é casual. Os Estados Unidos posicionaram meios navais ofensivos em área considerada de valor estratégico por Caracas. Esse deslocamento deve ser compreendido como uma nova etapa de uma estratégia iniciada há quase uma década”, concluiu.